Grandes aspirações
Se tudo correr como vaticinam os futurólogos de plantão, o mercado este ano deve ficar abaixo dos dois milhões de automóveis. Nesse cenário, a linha HB20 abocanharia cerca de 9% desse total – coisa de 180 mil unidades em um ano, ou seja, praticamente toda a capacidade produtiva da fábrica da marca em Piracicaba, trabalhando a toda, em três turnos. Na anatomia deste sucesso está a impressionante facilidade com que os modelos sulcoreanos atingem diversos subnichos dentro da linha compacta. Vai desde a versão Comfort 1.0 de 80cv, a mais “pelada” de todas, que custa por volta de R$ 40 mil, até as completas de pretensões mais esportivas, como HB20X ou R Spec, com motor 1.6 16V de 128cv e preços acima de R$ 60 mil. Parecia que todo o segmento compacto estava coberto, mas a Hyundai detectou uma lacuna. E decidiu preenchê-la com o motor 1.0 turbo com intercooler, que rende 105cv queimando etanol.
O rendimento do propulsor é quase a média aritmética dos outros dois atuais. E no preço ele também fica perto disso. Tomando o motor 1.0 de três cilindros aspirado como base, o 1.0 Turbo fica R$ 3.700 acima enquanto o 1.6 16V é R$ 6.450 mais caro. Já em relação ao torque máximo, o 1.0 sobrealimentado se aproxima bastante do motor maior: são 15kgfm contra 16,5kgfm (o 1.0 aspirado tem 10,2kgfm). A vantagem é que no turbo, o torque aparece a 1.550 giros, enquanto nos outros ele surge depois de 4.500rpm. A transmissão é manual de seis marchas, com a oferecida no 1.6 16V, mas para aproveitar melhor a disposição do novo propulsor, o câmbio teve marchas alongadas, assim como a relação final.
Por causa disso, o zero a 100km/h não chega a impressionar. Segundo a Hyundai, ele é cumprido em 11,2 segundos, contra 9,3 s do 1.6 16V e 14,6 s do 1.0 aspirado. Em compensação, a máxima do modelo hatch é de 182km/h, próxima dos 186km/h do motor maior e bem acima dos 161km/h do 1.0. O motor 1.0 Turbo flex, como todos da linha, vem da Coreia do Sul. Em relação ao 1.0 de três cilindros, que serviu de base, ele recebeu evoluções como bloco e o cabeçote em alumínio, taxa de compressão reduzida de 12,5 para 9,5, novos bicos na injeção multiponto e sistema de arrefecimento reforçado para englobar a turbina.
O 1.0 Turbo está disponível para as versões Comfort Plus e Style, que hoje recebem tanto o motor 1.0 normal quanto o 1.6 16V. Já as versões de topo, Premium, X e R Spec, ficam apenas com o 1.6 16V. A Hyundai espera produzir, em 12 meses, 10 mil unidades com a nova motorização. Esse volume, porém, não deve ser acrescentado ao total de vendas. A ideia da marca é atrair uma maior variedade de consumidores para manter o HB20 sempre no topo do mercado.