Detento agredido no Ceresp morre no HPS


Por Sandra Zanella

05/04/2016 às 12h28- Atualizada 05/04/2016 às 12h31

Morreu na madrugada desta terça-feira (5) o detento de 30 anos que estava internado em estado grave na sala de urgência do HPS após ter sido agredido e supostamente violentado sexualmente por colegas de cela no Ceresp de Juiz de Fora. Segundo a assessoria de comunicação da Secretaria de Saúde, o óbito do detento foi confirmado às 2h35. O corpo foi encaminhado para necropsia no Instituto Médico Legal (IML).

O preso estava internado há uma semana e respirava com ajuda de aparelhos desde o dia 29 de março, quando deu entrada no hospital com graves ferimentos pelo corpo, inclusive no ânus e no reto, o que levantou a suspeita de estupro coletivo. Na semana passada, no entanto, a titular da 6ª Delegacia, Sheila Oliveira, informou que as lesões na cavidade da vítima teriam sido causadas pela retirada forçada de um celular, que estaria sendo guardado em seu ânus. Após algumas tentativas, um dos 21 companheiros de cela teria colocado o antebraço na abertura anal dele, à força, para recuperar o aparelho.

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Ainda conforme as investigações, a vítima teria ficado muita nervosa e ameaçado os companheiros de denunciá-los por estupro. Dois homens de 23 anos, apontados pela polícia como mentores da agressão, teriam partido violentamente para cima do detento, com a intenção de matá-lo. O paciente deu entrada no HPS com lasceração anal, trauma de reto, contusões nos ombros e nas pernas e hematomas nas costas. Laudo preliminar apontou que ele sofreu, ainda, ruptura dos rins, do baço e vazamento no intestino em decorrência das agressões. Segundo a polícia, na segunda-feira, ele foi submetido a nova cirurgia. Durante o procedimento foram encontrados pedaços de colher no abdômen da vítima.

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Diante da morte do paciente, o inquérito será transferido da 6ª Delegacia para a Especializada de Homicídios. A vítima estava presa no Ceresp desde dezembro por tráfico de drogas. A Polícia Civil informou também que, em prisão anterior, o detento já havia passado por situação semelhante. Na ocasião, o telefone teria se perdido dentro do abdômen, e ele precisou fazer uma cirurgia, ficando com uma grande cicatriz.

Além do inquérito policial, o crime está sendo investigado pelo Ceresp, que instaurou procedimento interno para apurar as circunstâncias do ocorrido, segundo a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds). Na semana passada, o advogado da vítima informou que iria ingressar com uma ação criminal e cível contra o Estado. Ele destacou que a violência mostra um sistema prisional superlotado e deficiente, que não ressocializa seus presos, já que o Ceresp estava com mais de mil presos, em espaço projetado para 332. A Comissão de Direitos Humanos da OAB em Juiz de Fora também está acompanhando o caso.  

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