Eu não entendo


Por Renato Salles

14/11/2014 às 07h00

Que me perdoem os acadêmicos do passado: eu sempre discordei da máxima de que “o futebol é o ópio do povo”. Mesmo que fosse a “cachaça”, que teria mais semelhança com nossa gente sofrida, não engoliria o clichê. Por si só, o esporte não pode ser considerado alienante. Ao menos, não tanto quanto o contexto ao qual estamos inseridos. Digo sem medo que, hoje, o futebol não passa de um espelho das idiossincrasias de nossa sociedade, que, em muito sentidos, parece caminhar para trás.

Explico tamanha rabugice com fatos recentes, ora, bolas! Em um sistema onde os governantes não encontram soluções para combater a violência crescente, a solução é sempre uma medida restritiva. Isso esbarra também no futebol. Com Cruzeiro e Atlético na final da Copa do Brasil, o que deveria ser festa, virou dilema shakespeariano. Como conter os baderneiros? A primeira sugestão de autoridades e dirigentes de meia pataca foi a mais óbvia: que os jogos sejam de torcida única – afinal, somos todos irracionais -, o que acabou acontecendo em parte.

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Da mesma forma, a exemplo dos escândalos de corrupção que vemos no país independente de bandeira partidária, as investigações apontam que a Portuguesa recebeu propina para escalar o tal Héverton de forma irregular e amargar dois rebaixamentos seguidos. A pobre pode ter sido alvo de bandidos de colarinho branco que ela mesmo ajudou a fomentar (Isso te lembra algo?). Alguém se assustaria se os indícios se confirmarem? Eu, não. Como também não duvido que já encomendaram pizzas brasilienses seja no Canindé ou no Rio de Janeiro.

O último reflexo de equívocos cotidianos no mundo da bola aconteceu ainda deve estar cegando os vascaínos mais conscientes. A exemplo de alguns que vão às ruas para pedir o absurdo de uma nova intervenção militar para sanar problemas eternos do nosso país, os sócios do Gigante da Colina elegeram o retrógrado Eurico Miranda para tentar sair do buraco. Ou seja a opção foi pelo retrocesso e pelo caminho antidemocrático, como defendem alguns radicais Brasil afora. Alguém entende? Eu, não!

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