Zika vírus preocupa gestantes na região
A engenheira Júnia Falcão, 35 anos, decidiu adiar o plano de ter um filho. A espera se deve ao temor pelas informações que tem recebido sobre o zika vírus e os casos de microcefalia. Casada há três anos, ela diz que já está fazendo os exames necessários e foi orientada pela sua médica a aguardar. “A gente não tem noção nenhuma sobre o que está acontecendo, se há alguma novidade, se vão resolver com vacinação. Há médicos que orientam esperar pelo menos seis meses”, relata. Já em fase da gestação, a faturista Josélia Costa Alves, 34, está no quinto mês à espera de uma menina. Ela demonstra preocupação em relação à ação do mosquito Aedes Aegypti e afirma se prevenir. “Só ando de calça comprida, uso repelente. Qualquer picada de mosquito, a gente acha que pode ser sério. Estou fazendo o acompanhamento com meu médico”, descreve.
A situação das gestantes tem sido vista com prioridade na região diante das informações sobre os dois casos confirmados do zika vírus no estado. Na última quinta, o Governo do estado confirmou o primeiro registro na Zona da Mata, na cidade de Ubá, e outro em Curvelo, na região central do estado. O vírus atingiu uma grávida de 35 anos que já está sendo acompanhada pela médica em sua própria casa. De acordo com o secretário de saúde de Ubá, Cláudio Ponciano, a identificação foi feita no mês de dezembro, sendo a primeira amostra do material colhido no dia 18, dentro dos três primeiros dias em que apresentou os sintomas. Segundo o secretário, outro caso de gestante sob suspeita foi descartado, enquanto um terceiro resultado está sendo aguardado.
O titular da pasta lembrou que 80% dos focos e criadouros do mosquito Aedes Aegypti estão em caixas d’água e reservatórios improvisados pela falta de água que afetou o município em 2015. “Precisamos que a população descarte essa água e lave esses reservatórios, contribuindo também com a inspeção dentro da própria casa, como nas cozinhas e varandas”, afirma. Ponciano afirma que a secretaria atua hoje com 40 agentes de endemia, sendo que mais 30 serão incorporados aos quadros nos próximos dias. Além disso, há aplicação do fumacê.
Três suspeitas descartadas na cidade
Em Juiz de Fora, segundo a Secretaria de Saúde, houve três suspeitas de zika vírus descartadas, todas elas de gestantes. Os casos foram registrados em novembro e dezembro de 2015 e janeiro deste ano. A informação foi dada à Tribuna ontem. Em matéria publicada no último dia 8, o subsecretário de Vigilância em Saúde, Rodrigo Almeida, havia afirmado que não havia casos confirmados em Juiz de Fora. Ontem reforçaram que também não existe em Juiz de Fora nenhum caso de microcefalia relacionado ao zika.
Como ação do Comitê de Enfrentamento à Dengue, militares da 4ª Brigada de Infantaria Leve (Montanha) passaram por um treinamento na última semana e irão iniciar as ações na Zona Norte nesta segunda-feira junto aos agentes de combate a endemias. Os trabalhos começarão nos bairros Esplanada, Monte Castelo e Carlos Chagas. No mesmo dia, terá início a capacitação para mais de 400 agentes comunitários de saúde para agir no combate à dengue. O treinamento será realizado no Centro de Vigilância em Saúde, na Avenida dos Andradas.
O combate ao mosquito necessita, principalmente, da ação da população. A professora de virologia do Departamento de Parasitologia, Microbiologia e Imunologia da UFJF, Betania Paiva Drumond, explica que é necessário eliminar focos de água parada. Ela alerta para sintomas da dengue, zika e chikungunya, os quais, segundo a docente, podem apresentar sintomas graves ou mais leves (ver quadro). Betania afirma que, além da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) do Rio de Janeiro, existirem laboratórios de referência no país credenciados pelo Ministério da Saúde. Em Minas, há os laboratórios da Secretaria Estadual de Saúde, como o da Fundação Ezequiel Dias, referência do Estado de Minas Gerais. O laboratório Hermes Pardini, com unidades em várias cidades do estado, já tem o teste para o diagnóstico do zika.