Polícia investiga motivação para homicídio de pastor


Por Sandra Zanella

26/11/2015 às 15h08- Atualizada 26/11/2015 às 16h39

enterro_fernando-(1)
Velório do pastor atraiu dezenas de pessoas ao Cemitério Parque da Saudade (Foto: Fernando Priamo/26-11-15)

Estão no Ceresp, desde a madrugada desta quinta-feira (26), os dois jovens, de 19 e 20 anos, presos na quarta por suspeita de envolvimento no assassinato do pastor evangélico João Carlos de Britto, 54 anos.  Em depoimento, ambos negaram qualquer participação no homicídio do também sargento reformado do Exército, executado com três tiros na cabeça e um no pescoço, no início da tarde do mesmo dia, no portão de sua casa no Bairro São Judas Tadeu, Zona Norte. A Polícia Civil investiga o caso, que chocou familiares e amigos da vítima, e busca uma motivação para o assassinato, até então inexplicável. O pastor foi sepultado na tarde desta quinta no Parque da Saudade.

“Primeiro, temos que averiguar se a vítima teve alguma desavença, discussão ou sofreu ameaça”, enfatizou o titular da Delegacia Especializada de Homicídios, Rodrigo Rolli. Segundo ele, os primeiros passos da investigação serão ouvir pessoas ligadas ao militar reformado, como familiares, vizinhos e integrantes da igreja evangélica Tabernáculo do Espírito Santo, da qual João Carlos era pastor. “Também temos que identificar se havia apenas os executores ou se existe algum mandante por trás.”

PUBLICIDADE

No dia do crime, algumas testemunhas já foram ouvidas no plantão da 1ª Delegacia Regional de Polícia Civil, em Santa Terezinha, mas o delegado pretende colher novas declarações, inclusive da esposa de João Carlos, que presenciou o crime. Segundo Rolli, a hipótese de a execução ter sido equivocada não está descartada, mas não é essa a primeira linha de investigação. “Vamos tentar saber a real motivação do fato, tendo em vista que os dois presos negaram participação.” Ele também vai juntar os laudos relacionados ao caso, como o de levantamento de local realizado pela perícia e o do exame de necropsia.

O suposto atirador e o comparsa, que teria dado cobertura na fuga, foram capturados em Benfica, também na Zona Norte. Um revólver calibre 32 e uma moto Suzuki, com placa adulterada, foram apreendidos. O rapaz que teria atirado chegou a tentar fugir, mas acabou capturado e foi reconhecido por testemunhas. Já o comparsa, flagrado com a arma na mochila, afirmou que havia comprado o revólver por R$ 800 na feira livre e alegou estar andando armado para se defender de rixa entre gangues.

O pastor foi executado por um criminoso que o aguardava do lado de fora de sua residência, localizada na Rua Monsenhor Francisco de Paula Salgado. A vítima iria entrar em seu veículo, na companhia da esposa, quando foi surpreendida. Conforme o registro policial, antes de morrer, ele teria erguido as mãos gritando: “Está repreendido em nome de Jesus”. O atirador fez quatro disparos, alvejando o morador. O assassino fugiu correndo e teria embarcado alguns metros à frente na moto onde o comparsa aguardava. Os rapazes presos tiveram o flagrante confirmado por homicídio, e estão no Ceresp à disposição da Justiça.

Além da esposa, João Carlos deixa dois filhos, um que se forma nesta sexta sargento do Exército pela Escola de Sargento das Armas (EsSA), em Três Corações (MG), e outro que recebe no sábado o diploma de conclusão do curso de formação de oficiais do Exército pela Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), em Resende (RJ).

O conteúdo continua após o anúncio

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.