Um dos mais importantes nomes do cinema nacional, o diretor Ruy Guerra estará em Juiz de Fora no próximo dia 16 para ministrar palestra no IAD (Instituto de Artes e Design) da UFJF. No evento, que terá início às 19h no auditório do IAD e com entrada franca, o cineasta de 85 anos vai falar sobre cinema, dramaturgia e linguagem. Para marcar a passagem de Ruy Guerra pela cidade, o IAD realizará entre segunda e sexta-feira, às 15h, na sala de cinema Germano Alves, a Mostra Ruy Guerra, com a exibição gratuita de alguns de seus longas mais importantes, seguidos por debates com professores da UFJF.
Nascido em Moçambique em 1931, Ruy Guerra é um dos expoentes do Cinema Novo, movimento cinematográfico que colocou a produção nacional no mapa internacional entre as décadas de 1950 e 1960. Para a mostra, o IAD vai exibir quatro longas produzidos entre as décadas de 1960 e 1970, além de outro realizado já no final da década de 1990.
O filme a ser exibido na segunda-feira é o primeiro dirigido por Ruy Guerra no Brasil. “Os cafajestes”, de 1962, mostra um jovem rico e mimado tentando salvar a família da falência ao chantagear um tio. O longa também ficou marcado por exibir o primeiro nu frontal do cinema brasileiro, protagonizado por Norma Bengell. O filme terá como debatedora a organizadora do evento, a professora de cinema e audiovisual do IAD Alessandra Brum. Na terça, o filme escolhido é “Os fuzis” (1964), considerado por muitos como a grande obra do cineasta e integrante da “trilogia de ouro” do Cinema Novo, ao lado de “Vidas secas”, de Nélson Pereira dos Santos, e “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, de Glauber Rocha. O drama, uma coprodução com a Argentina, mostra um grupo de soldados deslocados para o Nordeste a fim de impedir que moradores saqueiem armazéns devido à fome. O debatedor será o professor Luís Alberto Rocha Melo, também do cinema e audiovisual.
A quarta-feira será marcada pela exibição de “Mueda, memória e massacre”, de 1979, considerado o primeiro longa de ficção produzido em Moçambique. O filme retrata o Massacre de Mueda, ocorrido em 16 de junho de 1960, quando soldados portugueses atiraram contra manifestantes moçambicanos e provocaram centenas de mortes. O convidado para o debate é o professor Sérgio Puccini, também do IAD. Na quinta-feira, será exibido “A queda” (1977), considerado uma continuação indireta de “Os fuzis”. O longa, vencedor do Urso de Prata no Festival de Berlim, tinha como eixo a morte de um operário nas obras do metrô do Rio devido à falta de segurança. A professora Ana Paula El-Jaick, do curso de letras, será a debatedora. E o último longa a ser exibido será “Estorvo” (2000), adaptação do livro homônimo de Chico Buarque e que será exibido sexta-feira. O debatedor convidado é o professor Martinho Jr. do curso de história.