Imagine um grupo de pessoas que disponibiliza voluntariamente suas tardes de sábado para brincar, dançar, cantar, praticar esportes e levar um pouco mais de alegria para crianças e adolescentes com variados tipos de deficiência. Pois esta iniciativa existe em Juiz de Fora. E está prestes a completar cinco anos. Tudo começou em 2011, após um intercâmbio feito pela fisioterapeuta Ana Paula Carvalho, de 29 anos, que conheceu o Aviva, instituto destinado à assistência de pessoas com deficiência física, em Salamanca, na Espanha. Ao voltar de lá, a juiz-forana importou nome e ideia, criando um projeto semelhante em Juiz de Fora, focando no público infantojuvenil.
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“Não temos um critério sócio-econômico e nem somos de caráter assistencialista. Atendemos crianças, entre 5 e 14 anos, com qualquer tipo de deficiência, desde que obedecido um critério de avaliação da nossa equipe. Embora eu tenha formação em fisioterapia e a Ana Clara (Lélis), coordenadora do projeto, seja formada em Educação Física, também não temos cunho terapêutico. Não é centro de fisioterapia para crianças deficientes e sim um espaço de lazer que, em muitos casos, utiliza o esporte adaptado como ferramenta de interação”, explica Ana Paula.
As atividades acontecem todos os sábados, das 15h às 17h, no Colégio Jesuítas. “Tive uma experiência com esporte adaptado na Espanha e no início a ideia era criar uma escola para essa finalidade. Mas como os encontros acontecem somente aos sábados, vimos que não teríamos muitos ganhos. Hoje, além de futebol, handebol, capoeira, vôlei e badminton também tem cinema, música e outras atividades. A proposta é fazer todas interagirem na mesma proposta oferecida”, explica.
No último sábado, meninos e meninas se concentraram nos preparativos para a tradicional Festa Julina, realizada anualmente. Desde a edição do ano passado, o evento, além de ser um momento de socialização entre alunos, pais e voluntários, busca arrecadar recursos até o arraiá do ano seguinte. O evento acontecerá no próximo domingo (10), entre 16h e 21h, no Espaço Sirena (Avenida Deusdedit Salgado, 1690, no Bairro Teixeiras, ao lado do Parque da Lajinha). “Além de momento de confraternização, nossa festa serve para mostrar o resultado das atividades desenvolvidas todos os sábados. Teremos a quadrilha com voluntários e crianças atendidas, muitas delas cadeirantes”, detalha a idealizadora do projeto. “Também teremos bolo de aniversário, recreadores e brinquedos, como pula-pula”.
Crianças com até 4 anos não pagarão pelo convite. A partir desta idade, os ingressos custam R$ 10. Os jovens atendidos terão entrada gratuita, além de ter direito a um kit, com camisa, convite para mais quatro pessoas e vale-consumo. Em ano olímpico, a festa também terá outro importante objetivo: levantar dinheiro para levar os atendidos às Paraolimpíadas Rio 2016.
Você pode fazer parte
Para a Festa Julina, os interessados podem doar ingredientes para caldos, doces e demais comidas típicas do evento, além de descartáveis e prendas para as brincadeiras das crianças. Os produtos podem ser deixados no Studio Pilates Center, na Rua Santa Rita, número 538/02.
Já no dia a dia do Aviva, a principal dificuldade é contar com materiais paraesportivos e com voluntários. “Hoje temos cerca 380 voluntários inscritos. Na Festa Julina, serão 180 trabalhando. Temos parcerias com cinco empresas juniores da UFJF e contamos com o auxílio de alunos de variados cursos, como farmácia, educação física, comunicação, engenharia de produção e administração. A cada sábado são cerca de 80 colaboradores. “No entanto, devido ao perfil universitário, este número flutua muito, devido a trabalhos, provas, atividades acadêmicas e férias”, lamenta. “A principal característica que a gente busca nas pessoas é a boa vontade. No entanto, no momento, precisamos de um perfil mais adulto, para fazer com que este fluxo diminua. Estamos com dificuldade de compor a diretoria. Para isso, seriam necessários contadores e advogados, por exemplo, pessoas que não necessariamente precisam participar das atividades aos sábados”, pontua a idealizadora do projeto.
Atualmente, o instituto conta o apoio das academia Acquavip, além das padarias Linda, Maxi Pão e Mister Granbery. Para a Festa Julina, o projeto também recebeu auxílio das empresas Inter Construtora e Multi Spaço.
Uma vez ao mês, o grupo se reúne também em uma atividade extra, geralmente realizada em cinemas, teatros, museus ou pontos turísticos, como Parque da Lajinha e UFJF. Ainda sem contar com a ajuda de um ônibus que possa facilitar o transporte dos atendidos, as atividades extras são informadas logo no início do semestre, para que os familiares possam se organizar para participar do encontro. “Seria ótimo se pudéssemos contar um o auxílio de um transporte adaptado, tanto para essas atividades quanto para a ida aos Jogos Paralímpicos”, almeja Ana Paula.
Engrenagem
Ao ser questionada do porquê de seguir com o projeto, a mentora da iniciativa é categórica. “Tem gente que acha que isso é coisa de gente boazinha. Mas acho que a gente faz parte de uma engrenagem, onde todos têm que participar, para viver em sociedade”.
Interessados em contribuir de alguma forma com a iniciativa podem fazer contato pelo site www.institutoaviva.com.br, pelo Facebook do projeto ou pelo telefone 9 (32) 8847-1273 (Ana Paula).
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