‘Slow food’ – A arte de comer bem
Poucos elementos dizem tanto a respeito de um povo quanto sua gastronomia. Quando ela respeita a terra, seus ciclos e ritmos, traduz-se perfeitamente então no conceito moderno do ‘Slow food’. O movimento surgiu em 1989, na Itália, e valoriza a alimentação com prazer, os ingredientes da terra e a responsabilidade sócio-ambiental. Recupera valores esquecidos com o ritmo acelerado do ‘fast food’, enfatizando a importância do alimento bom, limpo e justo.
O Festival Sabores da Serra, que acontece no próximo final de semana, em Conceição de Ibitipoca, tem inspiração no conceito do ‘Slow food’. Com o tema “Cio da Terra – O ouro à mesa”, vamos ressaltar as tradições gastronômicas da região e produtos como o queijo, palmito de pupunha, ora pró nobis, cordeiro, frango caipira, porco, milho (fubás), pinhão, flores comestíveis e as PANC’s (plantas alimentícias não convencionais) que serão usados nos pratos dos restaurantes participantes.
Em praça pública, uma feira de produtores regionais destacará a cachaça, pães, quitutes e cervejas artesanais, mesclada com atrações culturais. Será uma honra para nós receber os renomados ‘chefs’ Flávio Trombino (BH), Beto Zaiden e Rodolfo Mayer (JF) para os festins gastronômicos que darão ainda mais charme ao Sabores da Serra. Em sua segunda edição, o festival mostra sua força para entrar definitivamente no calendário de eventos da turística vila, porta de entrada para o belo Parque Estadual de Ibitipoca.
Ana Paula Esteves é ‘chef’, diretora de eventos da Rede Ibitipoca Turismo e Hospitalidade e leitora convidada
ELES ACONTECEM
Eliane Ferreira: A professora sonha e luta por uma Nação livre
Eliane de Souza Ferreira, juiz-forana, 38 anos de magistério, dá uma aula de civilidade: o dia do professor deve ser comemorado o ano todo, porque independente de salário, a luta por uma Nação livre tem que continuar. Apesar de formada inicialmente em farmácia e bioquímica, o magistério falou mais alto e Eliane partiu para uma segunda graduação- História- também na UFJF. E foi no Instituto Granbery, que ela iniciou sua carreira como professora de Química. Mais tarde, lecionou História, no Colégio Magister e no Instituto Educacional Allan Kardec. Nos últimos 28 anos convive com o ensino público na Escola Municipal Adhemar Rezende de Andrade. Eliane Ferreira tem especialização ainda em economia e ciência das religiões. Entre a casa e a escola concilia suas atividades “com muita organização e disciplina”.
CR- Hoje é o dia do professor. Tem muito a comemorar?
– Certamente. E comemorar todos os dias. Muito que se faz em educação no Brasil se deve à nossa persistência, resiliência e ousadia. Devemos, em especial, comemorar a nossa luta diária para a construção de uma Nação verdadeiramente livre. Principalmente livre do preconceito e da intolerância.
– Há diferença no ensino da escola pública para a particular?
– Não deveria existir. O aluno não se reduz ao conceito “publico” e ” privado “. São alunos. E todos têm condições de aprender.
– A violência é um problema sério na escola de hoje. Como vê isto?
– É resultado da falta de políticas públicas no Brasil e também da miséria da desigualdade social – endêmica desde os tempos da colonização.
– Educação vem de berço ou da escola?
– Todos os lugares são espaços educacionais: Família, escola, museus, praças…A sociedade toda tem que assumir o compromisso de educar, em especial para a cidadania.
– O salário tem sido, ao longo do tempo, o grande problema para a sobrevivência no magistério. Acredita numa solução?
– Acredito, como Darcy Ribeiro, que ‘ a crise da educação no Brasil não é uma crise, é um projeto ‘. Desta forma, a questão salarial, a desvalorização do Magistério e a falta de investimento em educação só não tem resposta porque há uma inércia proposital e uma falta de vontade política dos governantes. Solução existe.
– O computador na escola. O que melhorou?
– Qualidade em educação não tem relação somente com o uso de tecnologias. Tem relação com o projeto político pedagógico da Escola. Investimentos, criatividade, sensibilidade e atenção à diversidade são determinantes para alcançar educação de qualidade. Entre um computador mal utilizado e a escolha de um estudo que nos façam livres, fico com a segunda alternativa.
– Antes, os livros didáticos passavam de um irmão para outro. Isso acabou. Acha certo?
-Adoraria ver o tempo em que todos pudessem ter acesso à livros. É lamentável um livro parado na estante.
– Nas escolas, há professores para atender os alunos especiais?
– Sim. No entanto as escolas e a sociedade estão pouco preparadas para atenderem àqueles que têm necessidades especiais. Mesmo limite para um trabalho que respeite à diversidade.
– Os pais participam da vida escolar?
– Não como deveriam participar. A sociedade, Como um todo, não assumiu ainda o papel de educar.
– A sra. desenvolve outros projetos na escola?
– Há doze anos, foi criado na escola o Comitê de Cidadania, uma resposta à demanda da comunidade escolar, na época consultada através de uma entrevista. O trabalho, voluntário, tem o objetivo de desenvolver espírito crítico e a prática cidadã. Inicialmente criamos as oficinas de Rádio, Oficina de Direitos Humanos e o Cineclube. Hoje, o trabalho é coordenado por dois monitores, ex-alunos da escola – Higor Teixeira Rodrigues e Diana Rodrigues Dornelas da Costa.
Ping Pong
Livro: Capitães de Areia, de Jorge Amado. Ajudou a despertar minha sensibilidade social.
Escritor: Darcy Ribeiro.
Ator: Paulo Autran
Atriz: Fernanda Montenegro.
Cantor: Luciano Pavarotti
Cantora: Maria Bethânia.
Música: Nessum Dorma, aria da ópera Turandot.
Filme: A Missão.
Momento mágico: Na verdade tenho dois. Reuniões em família e quando estou com meus alunos. Magia pura ver os olhos brilhando das crianças descobrindo o mundo.
Prato: Bacalhoada
Perfume: Ange ou Démon
Griffe: As duas melhores são a simplicidade e a discrição.
Viagem: Tiradentes…sempre.
O que te irrita: Preconceito
Virtude: Objetividade
Juiz de Fora: Melhor cidade porque aqui estão muitos que são importantes para mim.
Frase: ” A coisa mais importante para os brasileiros é inventar o Brasil que nós queremos “.