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Cida dos Pássaros, sozinha, ela cuida da natureza e sonha em voar

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Já percebeu como grande parte das pessoas vive desconectada da natureza e do todo universal do qual fazemos parte? Qual foi a última vez que olhou para o céu para admirar as estrelas e os astros? Quando pisou descalço na terra, sentindo toda a força deste elemento? Quando plantou um vasinho de ervas para deixar na soleira da janela? A maioria de nós vive dentro de caixas de tijolos e concreto, com ventos artificiais, pouca luz solar, com multi-tarefas, e, portanto, sem tempo para parar e observar os sinais de nossa própria existência. Assistimos a vida passar nas telas de nossos celulares, notebooks e Tvs modernas. E não sabemos o que acontece com nosso vizinho. Nos desconectamos e estamos perdendo conhecimentos passados de geração em geração.

A história que estamos contando no Pé na Estrada Antuérpia desta semana é sobre uma mulher que mora no alto da montanha, dentro de uma mata fechada, sem companheiro, sem filhos, acompanhada por animais e totalmente em sintonia com a natureza, o sol, a lua e as estrelas. Sua propriedade fica na Serra do Sarandi, em Santa Bárbara do Monte Verde, na Zona da Mata Mineira. Aparecida Cotta, mais conhecida como Cida dos Pássaros, conhece o mundo através de seu radinho à pilha, fiel companheiro de décadas. Cida fez inúmeros amigos na Rádio Solar – agora Rádio CBN – e se informa por meio das notícias transmitidas pela emissora, inclusive pela Voz do Brasil.

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Ela acompanha diariamente as ações dos mais recentes presidentes do Brasil, tem opinião política e até batizou alguns jacus que vivem soltos pela mata: Fernando Henrique, Lula e Dilma. Ela conhece e chama todos pelo nome, oferecendo uma boa porção de milho que fica de molho para inchar e depois é cozido. Com a presença de visitantes, as aves ficam acuadas, porém, não resistem ao petisco e acabam surgindo. Até os micos atendem pelo nome. É só chamar que eles vêm comer banana na mão. As maritacas também atendem ao chamado, surgindo em bandos e se fartando. As mais dóceis se alimentam empoleiradas nos braços das visitas e de Cida.

Fotos: Claudia Figueiredo

 

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Ela também acolhe maritacas machucadas que chegam, muitas vezes, através da Polícia Florestal, que é uma corporação muito importante na ajuda diária de preservar o ambiente e afastar os caçadores atrás de animais silvestres, o que é proibido por lei. Cida faz ninhos em torno e no interior de sua casa de três cômodos (sala, quarto e cozinha), sem energia elétrica, mas com água que ela capta de nascentes que cortam seu sítio. Cozinha em um fogão à lenha instalado na varanda da casa e planta quase tudo que consome: desde leguminosas a frutas. Ela mesma planta, colhe, seca, beneficia, moi e vende café orgânico, na feirinha semanal de Santa Bárbara do Monte Verde. Além do café, vende mudas de samambaias que ela produz através das sementes e, esporadicamente, também comercializa mudas de orquídeas nativas que ela cultiva com o objetivo de preservar a espécie. Para ajudar na polinização, Cida mantém uma colmeia de abelhas sem ferrão, bem na porta da cozinha.

Para fazer tudo isso na propriedade, Cida levanta-se quando os passarinhos começam a cantar lá pelas 4 ou 5 horas da madrugada e deita-se quando anoitece, adormecendo após ouvir seus programas radiofônicos preferidos, junto com uma maritaca que a acompanha há 19 anos, embolada nos cabelos dela, como se formassem um ninho. A lida é dura: rachar lenha, capinar o terreiro, cuidar da criação, revirar o café, plantar, aguar, adubar, colher e utilizar antigos métodos de preservação dos alimentos já que não possui geladeira.

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Do forno à lenha, saem quitutes orgânicos maravilhosos, como esta broa feita no forno de lata.

Do fogão à lenha saem quitutes maravilhosos, como feijão que fica borbulhando horas até se apresentar macio e caldoso, um bolo de fubá feito numa sala de tinta colocada em cima da trempe com brasa e a melhor batata frita do mundo, cujo segredo você confere no vídeo disponível abaixo.

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Uma vez por mês, dirige-se a Juiz de Fora, de ônibus, para receber sua aposentadoria como trabalhadora rural e fazer compras no Bahamas. De volta, salta do ônibus na estrada, caminha por uma estrada de chão, de 6,5km, até encontrar-se com sua égua Estrela que deixou aguardando em um vizinho para, então, arrumar as compras no lombo do animal e subir em direção a sua casa, dentro da mata, atravessando o mesmo riacho seis vezes, durante aproximadamente 40 minutos morro acima até chegar em seu paraíso.

Passar um dia ao lado de Cida é o mesmo que se reconectar com o primitivo que habita em nós. O conhecimento adquirido pelo ato de observar a natureza é precioso. Ela conhece a vida na Terra conforme o céu se apresenta: sabe quando vai chover, fazer frio, esquentar, época de colheita e recolhimento. Através dos cantos dos pássaros, fica sabendo da chuva, se está sozinha na mata ou se está chegando algum visitante e, até mesmo, se a onça, com dois filhotes habitando em uma pedreira próxima, está rondando a propriedade. A onça pariu em 2017 e, durante dois anos, vai ensinar os filhotes a caçar e as leis de sobrevivência. Cida relata que, certa noite, escutou um barulho na porta e um miado durante a noite e quando verificou, eram os filhotes da onça parda que tinham sido deixados pela mãe para caçar. E conta rindo que “até a onça sabe que ela protege os animais”. “Outra noite, acordei com um barulho alto da onça matando um porco do mato, bem próximo da janela do meu quarto”, relata.

Com a ajuda da égua Estrela, ela carrega os ítens mais pesados do seu dia a dia.

Nascida na propriedade, Cida viveu com o pai até sua morte na década passada. “A mãe mora no Rio de Janeiro, mas há muitos anos não tenho notícias dela”, conta. O irmão mora em outro local. Embora queira continuar vivendo no sítio, Cida sabe que pode chegar o tempo de ter que deixar o local e morar na cidade. “Com o dinheiro de reciclagem de latinhas de alumínio, eu comprei uma casinha em Santa Bárbara, onde eu fico quando vou consultar ou adoeço, mas eu gosto mesmo é daqui”, diz. Perguntada se não tem medo de morar lá somente na companhia dos animais, Cida é taxativa: “eu tenho medo é do bicho de duas pernas, o bicho-homem”. Esta mulher guerreira acalenta dois sonhos: o de maior proteção para os animais e o de voar como seus pássaros. “Eu queria muito voar e passar por cima do meu sítio e ter a visão que meus pássaros têm”, revela. Este, também foi sonho de outro mineiro, Alberto Santos Dumont, que um dia disse: “As coisas são mais belas quando vistas de cima”.

Confira os vídeos do Pé na Estrada Antuérpia na Casa da Cida dos Pássaros.


Na Cozinha com Claudinha

Melhor batata frita do mundo com Antuérpia Premium Lager

Agora, segue a receita da Batata Frita da Cida dos Pássaros. Foi bem difícil de conseguir, mas é a melhor da vida!

A melhor batata frita do mundo, feita pela Cida dos Pássaros

Ingredientes

Batatas inglesas cortadas em rodelas não muito finas

Sal fino

Cerveja Antuérpia Premium Lager para harmonizar

Foto: Divulgação

Modo de Fazer

Depois de descascar as batas e cortá-las em rodelas não muito finas, salpique sal fino por toda a superfície das rodelas. Deixe descansando por 30 minutos. Este processo vai desidratar as batatas e deixá-las mais secas para fritar. Coloque bastante óleo limpo em uma frigideira larga e mais alta e deixe esquentar bem. Deite as rodelas de batatas em quantidades reduzidas até dourarem. Estão prontas e não precisam de mais sal. Sirva com uma Cerveja Antuérpia Premium Lager bem gelada. Bom apetite! Um beijo e um brinde.

 

 

 

 

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