“Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta e espaçosa é a estrada que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; porque estreita é a porta e apertada a estrada que conduz à Vida e poucos são os que acertam com ela”, disse Jesus.
Longe de ser somente uma antiga afirmação evangélica relatada pelo apóstolo Mateus, a passagem revela-nos, na atualidade, as muitas portas com as quais nos defrontamos. Jesus se referiu a elas como metáforas das escolhas realizadas pelo homem. Diariamente nos são apresentadas variadas portas que nos levam a estradas retas e outras um tanto sinuosas.
As passagens largas se traduzem nas oportunidades fáceis, superficiais e fugazes, levando à estrada em que não há esforço ao progresso nem corrigenda de sentimentos e atitudes inferiores. A estrada espaçosa é cheia de atrativos, de sensações exteriores, que embriagam e distraem a alma na sua caminhada, e de ilusões, que ao leve vento das dificuldades se esvaem.
Em contrapartida, as passagens estreitas, e, conforme Jesus afirmou, “poucos se acertam com ela”, é de amor e de vida, mas de testemunho, de superação do individualismo, significando renúncia à acomodação e ao desejo de vencer as más tendências. A estrada apertada é aquela que leva à evolução e traz alguns deveres, como o exercício da fé, da retidão, da caridade, do perdão e da esperança. Que passagens escolhemos, que estradas percorremos? Analisemos nossas opções e identificaremos nossas preferências.
Nesse sentido, as escolhas de cada alma, os sentimentos cultivados e as opções feitas para o agora e o depois, no transcorrer das múltiplas reencarnações, são de responsabilidade individual. Nada mais libertador do que o exercício do livre arbítrio.
Doutrina Espírita esclarece que, sem o livre arbítrio, o homem seria uma máquina e, dilatando nossa visão, retira-nos da posição de meros coadjuvantes da vida, vítimas do acaso, e coloca-nos no papel principal, com responsabilidade diante de nossas ações e resultados. O acaso não existe. Ninguém nos fará felizes ou infelizes; nossos erros e nossos acertos representam lições e experiências necessárias ao progresso, que deverá se fazer, mais cedo ou mais tarde, em nós e nos outros. E a vida nos responderá com o que dermos a ela.
Estudando os princípios da reencarnação, na lei de causa e efeito, entendemos a justiça e a misericórdia de Deus. Conduzimos nossas existências, tendo os resultados na justa correspondência. Lembremo-nos de que as portas do amor e do entendimento se fazem constantemente abertas: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai senão por mim”, afirmou Jesus. Se desejamos a estrada da Vida, busquemos suas amoráveis portas e a luz do Cristo a nos iluminar o caminho.