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O ‘suicídio’ de Dorian Gray!

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Suicídio não é prova de coragem! Pelo contrário, é a demonstração de maior covardia que temos perante o sublime e corajoso ato de viver. Perguntem a Oscar Wilde, o fabuloso escritor inglês, de vida tumultuada, que o levou a escrever a condenação da luxúria em seu célebre romance, “O Retrato de Dorian Gray”, o qual melhor teria sido chamado de “O ‘suicídio’ de Dorian Gray”…

De fato, dentro de uma vida plena de luxúria perversa, se é que existe luxúria bondosa, Dorian Gray, perseguindo a eternidade prazerosa da juventude eterna, fez um pacto com o demônio, dando-lhe sua alma, em troca da eternidade dos gozos e dos prazeres materiais e carnais. O diabo ficou muito satisfeito com a troca, tanto é que se recusou a devolvê-la a seu dono, quando este, arrependido, depois de muitos e muitos anos se passarem, vendo muitos e muitos amigos do prazer consumidos pela velhice e pela morte, procurou o demônio, arrependido, tentando obter de volta a sua alma – cansado e sofrido da vida de prazeres e saudoso da própria vida, em sua concepção mais profunda e redentora, da morte natural e continuadora da própria vida!

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Com a recusa perversa do demônio, desesperado com a eternidade da juventude, lembrou-se de seu retrato, que guardara no sótão, coberto por um pano, para que não visse nele as alterações horrorosas que sua alma, traída por sua luxúria diabólica, levava-o quase à loucura, ao ver o horroroso estado de sua fisionomia e de seu corpo!

Realmente decidido, reforçado com a recusa do demônio, sobe as escadas do sótão, armado de uma faca, retira o pano sobre o retrato, vendo sua alma demoníaca, já não retratando sua fisionomia jovem e sorridente, e, em impactos agressivos, esfaqueia o próprio retrato, que vai recuperando sua aparência jovem e simpática, enquanto seu corpo, eternamente jovem, pelo diabo, mas sofrido, vai se transformando numa velhice de muitíssimos anos, chegando a um montinho de pó fumegante!

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E agora, vocês, suicidas da modernidade? Da modernidade, disse-o eu? Ou já não existem até clínicas de suicídio assistido na Suíça e em alguns estados dos EUA? E, lamentem-se colegas, até aqui no Brasil nossas entidades representativas já se preocupam com a incidência, cada vez maior, de suicídios, sabem de quem? De médicos! Que deveriam estar preocupados com a saúde e o ato de viver!

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 800 mil pessoas se suicidam, por ano, em todo o mundo. Só no Brasil, 12 mil.

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Visando acabar com o tabu e o estigma sobre o suicídio, entidades médicas, e até a Igreja Católica, antes reticente, se preocupam com as causas que levam ao suicídio. Entidades médicas no Brasil lançaram o programa chamado “Setembro Amarelo”, visando esclarecimentos a médicos e à população em geral.

Repetindo Dorgelès: “Acho que foi uma vitória, pois saí vivo!”.

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