O lema predominante em tempos atuais é: “Estamos todos conectados!”. Somos remetidos a um discurso de uma globalização ampla e acelerada, protagonizada pela internet. A Revolução Técnico-Científica-Informacional favorece para que estejamos todos conectados uns com os outros e com o mundo. As redes sociais virtuais nos aproximam e ampliam as relações sociais, mudando a forma de nos relacionarmos. Somos transbordados por informações, notícias e dados que se atualizam em uma velocidade descomunal. Aponta-se que, atualmente, alcançamos o ponto de ser quase impossível – ou improvável – alguém dizer “eu não sabia” ou “o que é isso?”. Afirmamos ter “o mundo na palma das mãos”.
Segundo dados da Anatel, no primeiro semestre de 2017, atingimos a marca de 242,1 milhões de celulares no Brasil. Entretanto aumentamos a conexão ou o consumo? O que fazemos com tanta informação? O nos dizem os dados? O que sabemos? Estamos todos conectados ao mundo, mas a qual mundo?
O século da (des) conexão nas suas novas formas de redes sociais nos apresenta, em sua maior parte, uma exaltação pessoal, impulsionada pela sociedade moderna/liberal e sua primazia do indivíduo sobre o coletivo. Conectados – ou enclausurados – ao seu nicho social e a um mundo próprio, pessoas utilizam boa parte de seu tempo para exporem suas individualidades e seus interesses particulares. Em larga escala, desprezam os malefícios dessa (des) conexão proporcionada pela globalização. É certo que não podemos desconsiderar as pessoas engajadas nas causas coletivas através dos movimentos sociais virtuais. Utilizam-se da própria rede para resistir aos efeitos nocivos do século da (des) conexão gerados pela globalização, que, haja vista, beira a perversidade. Afinal de contas, o antídoto para neutralizar a picada de cobra vem do seu próprio veneno.
A globalização propiciou a ampliação do contato com diferentes culturas e pessoas, mas na outra ponta reforçou preconceitos e intolerâncias das mais diversas formas. A busca por ampliação da produção, mercado e consumo predominante na globalização reforçou a precarização do trabalho e suas relações. A insustentabilidade do desenvolvimento sustentável acentuou as desigualdades sociais. É necessário ter cautela para também observarmos a globalização do “lado de cá”, daqueles que não foram “convidados para a festa”. Estamos conectados pela globalização, mas desconectados de seus efeitos. Realmente, essa é a (des) conexão do século!
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