Nas redes sociais, muitos comentários, a maioria cobrando e sugerindo ações por parte das autoridades para solucionar a greve que deixou Juiz de Fora sem transporte público. Na verdade, a pandemia do coronavírus apenas antecipou uma situação já prevista, que vinha se agravando com o passar do tempo, provocando a incapacidade das empresas concessionárias do transporte coletivo de prestarem o serviço de deslocamento urbano das pessoas.
Especificamente, na cidade, a recém-realizada licitação do transporte público nada, absolutamente nada, tem a ver com os atuais problemas enfrentados pelas concessionárias. Na verdade, há mais de dez anos, o sistema de transporte coletivo vem perdendo passageiros. Bem antes da pandemia, eram transportados, aproximadamente, 12 milhões de usuários/mês. O volume caiu para pouco mais de sete milhões/mês de usuários, um pouco antes da Covid-19. Quanto maior o preço da passagem, menor o volume de pessoas transportadas. Hoje, com o isolamento social imposto pela pandemia, a demanda por transporte caiu 75%, ou seja, são transportados, por mês, aproximadamente, três milhões de passageiros.
A realidade demonstra que os usuários do transporte coletivo não suportam bancar sozinhos as tarifas que lhes são cobradas. Nesse sentido, outras fontes de financiamento têm que subsidiar o sistema; caso contrário, as empresas quebram.
Com o isolamento social imposto pela pandemia da Covid-19, a demanda por transporte caiu muito. Ônibus não pode circular vazio, em razão do alto custo operacional.
Com mais de uma centena de empresas quebradas no Brasil, o Governo federal parece ter acordado. No fim de agosto, foi aprovado, na Câmara dos Deputados, um projeto de lei que concede subsídio de R$ 4 bilhões, destinado às empresas. A medida propiciará o equilíbrio econômico/financeiro do transporte público por ônibus. A medida, porém, tem que ser permanente.
Na América Latina, o Chile saiu na frente. Implantou no país a eletromobilidade em transporte por ônibus. Hoje, em Santiago, já existem mais de 400 ônibus elétricos em circulação. Lá, em 2016, foi formado um consórcio de entidades públicas, privadas, sociedade civil e pesquisadores, que adquiriu os veículos elétricos e os entregou às concessionárias para explorá-los, com a obrigação de prestar o serviço e manter a frota. Nessas circunstâncias, as empresas jamais serão donas dos ônibus. Os veículos são totalmente elétricos, fabricados pela empresa chinesa BYD -Build Yuor Dreams, e funcionam com baterias, que são alugadas. São ônibus muito confortáveis e muito mais duráveis.
No Brasil, esses mesmos ônibus elétricos estão em operação em Salvador (BA), Brasília (DF), Santos (SP), Bauru (SP), Volta Redonda (RJ), Campinas (SP) e São Paulo (SP). Aqui, como no Chile, consórcios têm sido formados com a participação de entidades públicas, privadas e da sociedade civil. Os elétricos são de manutenção mais reduzida, são veículos silenciosos e que não poluem o ambiente. O custo operacional dividido e subsidiado possibilita tarifas menores e mais justas, que poderão ser suportadas sem sacrifícios pela população!
Acreditem, a substituição de veículos a combustão pelos elétricos é um caminho sem volta e bom para todos!
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