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Um grito de socorro

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Sempre que vejo uma publicação de cunho feminista nas redes sociais, tenho a certeza de que, quando abrir os comentários, verei, no mínimo, uma crítica escrita por um homem menosprezando a causa e o que foi publicado. Mas por que se incomodam tanto com isso?

Alguns deles até mesmo dizem que é por conta da generalização, mas, em uma publicação sobre o aumento do número de casos de feminicídio no país durante a pandemia, é impossível não notar a quantidade de comentários vindos de homens falando sobre as mortes do seu gênero, como se ambos os gêneros estivessem passando pela mesma situação. O mesmo acontece quando as publicações são relacionadas a estupros e violência doméstica: “Homens também podem ser violentados”, eles dizem, mas as coisas são realmente assim?

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Dados divulgados em 2019 pelo Atlas da Violência mostram que os homens são as maiores vítimas de assassinatos no país, mas, quando as informações são comparadas com a realidade das mulheres, os motivos dessas mortes têm causas diferentes. 39,2% das mortes femininas acontecem em casa, contra 15,9% dos homens, sendo o maior local de incidência para eles as ruas ou estradas (68,2%).

De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 648 casos de feminicídio aconteceram no país no 1° semestre de 2020, um aumento de 2% em relação a 2019, em um momento em que muitas das vítimas estavam presas em casa com seus companheiros em razão da pandemia. Por isso, os números de registros feitos nas delegacias também caíram 9,9%. Enquanto isso, os chamados de emergência subiram 3,8%, totalizando 147,4 mil ligações.

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Não é que as mortes masculinas sejam menos importantes, mas as causas costumam ser muito adversas, e poucas são relacionadas à violência doméstica. Diferentemente das mulheres, eles raramente morrem apenas por serem homens. O problema é real e cada vez mais presente no cotidiano, isso pelo fato de agora ser mais divulgado, e assim acaba encorajando muitas a darem um basta na situação e denunciarem.

O mais triste é também ver mulheres fazendo comentários um tanto machistas e desmerecedores sobre a situação, questionando a vítima. Ninguém sabe exatamente o que acontece dentro de uma casa. A violência não é apenas física, mas também psicológica, e pode ser causada justamente por um familiar ou aquela pessoa que você escolheu como companheira de vida.

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O feminismo não surgiu com o interesse de a mulher se colocar acima do homem, mas, sim, do desejo dela em ser livre para fazer suas próprias escolhas, ser quem quiser e se igualar a ele em situações tão simples no seu dia a dia. A luta por seus direitos, melhores condições e respeito vem acontecendo há muito tempo, e ainda há um longo caminho a percorrer. Até quando seremos vítimas do machismo e da violência? Até quando tentarão calar a nossa voz?

Esse espaço é para a livre circulação de ideias e a Tribuna respeita a pluralidade de opiniões. Os artigos para essa seção serão recebidos por e-mail (leitores@tribunademinas.com.br) e devem ter, no máximo, 30 linhas (de 70 caracteres) com identificação do autor e telefone de contato. O envio da foto é facultativo e pode ser feito pelo mesmo endereço de e-mail.

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