Estamos vivendo uma pandemia. No começo, achávamos que seriam apenas 15 dias, porém passaram-se meses, e ainda aguardamos uma solução. São mais de 150 mil mortes no país. Não são estatísticas, são vidas. O isolamento social é imprescindível para evitar a proliferação do vírus. Porém, enquanto estamos isolados, há pessoas que, desde março, se encontram na linha de frente dessa batalha: os profissionais da saúde.
Segundo dados divulgados em julho de 2020 pelo Observatório da Enfermagem, o Brasil responde por 30% das mortes de enfermeiros no planeta.
Me incomoda o fato de esses profissionais atuarem sem suporte, sem estrutura, em um mar de incertezas. Meu alerta não se limita apenas a enfermeiros, mas a médicos gerais, técnicos e outros especialistas da área da saúde, pois, independentemente da função, todos se encontram vulneráveis a um sistema público ineficaz, manchado pela corrupção.
Um país que vive um colapso, um país que se tornou o epicentro da Covid-19 sem um representante oficial, afinal, nenhum secretário de saúde ético aceita agir contra as normas da Organização Mundial da Saúde (OMS). Em meio ao caos, se encontram super-heróis que substituíram a capa pelo jaleco.
Estamos acostumados com o universo Marvel e DC, mas esquecemos de reconhecer os heróis da vida real. Existem homens de ferro e mulheres-maravilhas lutando incansavelmente contra o Thanos, ou melhor, contra o coronavírus.
Vulneráveis, como o Super-Homem perto da pedra Kryptonita, esses profissionais apresentam insegurança, depressão e ansiedade. Muitos se encontram meses longe da família, morando em hotéis e até mesmo em carros e hospitais, tudo para proteger os que amam.
Li uma crônica da jornalista Daniela Arbex sobre o falecimento do seu primo, o médico Ivan Antonio Arbex, vítima da Covid-19. E me chamou a atenção o fato de o médico resistir aos respiradores para ceder para pacientes que, ao seu ver, careceriam mais. Ou seja, embora estejam em situação de vulnerabilidade, continuam salvando vidas, exercendo o seu profissionalismo e honrando a profissão que escolheram. Apesar de não possuirmos a tecnologia de Wakanda, temos cientistas e pesquisadores trabalhando incansavelmente na criação da vacina, embora eles não sejam valorizados.
Espero que essa submissão sirva de lição aos que buscam reduzir o orçamento da pesquisa no Brasil. Por fim, parabenizo cada profissional da saúde que luta não apenas com o vírus, mas com a precariedade da saúde pública no país. Vocês são nossos (super) heróis.