Quando falamos em machismo e sexismo encontramos quem pense que é algo do passado, mas a verdade é que, infelizmente, o assunto não poderia ser mais atual. Mulheres são expostas ao preconceito em diversos campos da vida, inclusive no profissional. No mercado de trabalho, a dificuldade para ocupar determinados cargos de liderança está presente independentemente da qualificação dos candidatos. A discrepância de remuneração para mesmas funções executadas também é gritante, e, o pior, sem uma justificativa plausível.
De acordo com um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), as mulheres brasileiras trabalham, em média, 30 horas a mais do que os homens durante o mês, contadas as atividades domésticas, e, na hora do pagamento, em atividades executivas, por exemplo, podem se deparar com diferenças de até 58% no salário pela realização dos mesmos serviços. Ou seja, além de maior esforço para alcançar o cargo pretendido, após conseguir, manter-se nele também pode ser um desafio se você é mulher.
Em casa, no mercado de trabalho, em momentos de lazer e até mesmo na política, a mulher tem sempre que demonstrar mais preparação para lidar com todos os tipos de situação que lhe são impostos e ainda se preocupar com as possíveis impressões que suas atitudes podem causar. Esse problema é resquício de um regime patriarcal no qual a participação das mulheres na sociedade se restringia aos cuidados com a casa e com os filhos, e que, devido à falta de políticas públicas para maior inclusão da mulher e maior debate social pela conscientização da igualdade de gêneros, ainda gera impactos negativos em nosso dia a dia.
Uma avaliação constante é feita sobre o nosso comportamento desde os primeiros momentos da vida e segue assim durante todo o tempo, podendo ser acompanhada, inclusive, de cobranças entre as próprias mulheres, que, por estarem expostas ao discurso machista, acabam o assumindo e o propagando.
Mesmo após anos de resistência e luta por evolução da sociedade, o cenário atual ainda nos apresenta diariamente exemplos de desigualdade de gênero e exige mudanças urgentes para a real inclusão social feminina. Um bom começo seria a conscientização pessoal e mudanças particulares de atitudes no cotidiano, atentando para brincadeiras com fundo preconceituoso ou julgamentos sobre “o lugar” da mulher, porque “lugar da mulher” é onde ela quiser.
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