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A Igreja diante das religiões

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O Concílio Vaticano II explica que o vínculo da Igreja Católica com as religiões não cristãs é primeiramente o da origem e do fim comuns do gênero humano. De fato, todos os povos formam uma única comunidade. Têm uma origem única, pois Deus fez todo o gênero humano habitar a face da terra e tem igualmente um único fim comum, Deus. A Igreja reconhece que as religiões esforçam-se por responder, de vários modos, à inquietação do coração humano, propondo caminhos, isto é, doutrinas e preceitos de vida, como também ritos sagrados.

“A Igreja Católica não rejeita nada que seja verdadeiro e santo nestas religiões. Olha com sincero respeito esses modos de agir e viver, esses preceitos e doutrinas que, embora se afastem em muitos pontos daqueles que ela própria crê e propõe, todavia, refletem não raramente um raio daquela verdade que ilumina todos os homens. No entanto ela anuncia e tem mesmo obrigação de anunciar constantemente a Cristo, que é ‘caminho, verdade e vida’ (João 14,6), no qual os homens encontram a plenitude da vida religiosa e no qual Deus reconciliou consigo todas as coisas” (Concílio Vaticano II: Declaração Nostra aetate nº 2).

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A Santa Sé Apostólica afirma que “não há dúvida que as diversas tradições religiosas contêm e oferecem elementos de religiosidade, que procedem de Deus” (Declaração Dominus Iesus nº 21). Estes elementos de religiosidade foram chamados no Concílio de “semina Verbi”, ou seja, são as sementes do Verbo divino (João 1,1-4). Neste sentido, “algumas orações e ritos das outras religiões podem assumir um papel de preparação ao Evangelho, enquanto ocasiões ou pedagogias que estimulam os corações dos homens a se abrirem à ação de Deus” (Declaração Dominus Iesus nº 21 citando o Catecismo da Igreja Católica nº 843).

Claro que, como admite o Catecismo no nº 844, “em seu comportamento religioso, porém, os homens mostram também limitações e erros que desfiguram neles a imagem de Deus”. Por isso a Igreja afirma que “não se pode ignorar que certos ritos, enquanto dependentes da superstição ou de outros erros, são mais propriamente um obstáculo à salvação” (Declaração Dominus Iesus nº 21).

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“Aberta ao diálogo com todos, a Igreja é ao mesmo tempo fiel às verdades em que crê, a começar por aquela segundo a qual a salvação oferecida a todos tem a sua origem em Jesus, único Salvador, e que o Espírito Santo está em ação, como fonte de paz e amor” (Papa Francisco: Audiência geral inter-religiosa em 28/10/2015). Com a Encarnação, isto é, com a vinda de Jesus Cristo Salvador, Deus quis que a Igreja por ele fundada fosse o instrumento de salvação para toda a humanidade. Por isso “não podem salvar-se aqueles que, sabendo que a Igreja Católica foi fundada por Deus através de Jesus Cristo como instituição necessária, apesar disso não quiserem nela entrar ou nela perseverar” (Concílio Vaticano II: LG 14).

Esta verdade de fé nada tira ao fato de a Igreja nutrir pelas religiões do mundo um sincero respeito, mas, ao mesmo tempo, exclui de forma radical a mentalidade indiferentista “geradora de um relativismo religioso, que leva a pensar que tanto vale uma religião como outra” (São João Paulo II: Encíclica Redemptoris missio nº 36). Para se evitar o relativismo religioso e a perda da identidade cristã, deve-se compreender que “a paridade, que é um pressuposto do diálogo, refere-se à igual dignidade pessoal das partes, não aos conteúdos doutrinais e muito menos a Jesus Cristo (que é o próprio Deus feito homem) em relação com os fundadores de outras religiões” (Declaração Dominus Iesus nº 22).

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Para nós, católicos, Jesus Cristo é “o ponto para o qual tendem os desejos da história e da civilização, o centro da humanidade, a alegria de todos os corações e a plenitude das suas aspirações” (Concílio Vaticano II: Constituição Gaudium et spes nº 45). Quanto à Igreja (dizia o Papa Bento XVI), ela não cresce por proselitismo, mas por atração, isto é, cresce pelo testemunho dado aos outros, mediante a força do Espírito Santo.

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