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Qual é o xadrez de Marcus Pestana?

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Marcus Pestana e os outros deputados federais com domicílio eleitoral em Juiz de Fora – incluindo Margarida Salomão, Júlio Delgado e Wadson Ribeiro – foram objetos da minha pesquisa de mestrado. Em 2017, quando a defendi, o movimento de apoio a uma candidatura petista, como o que foi realizado por ele nesta semana, não era sequer pensado. Era outro o momento e era outro o Pestana, claro. Mas, na posição de parlamentar destacado no quadro do PSDB, é importante lembrar: ele falava alto e tinha bastante inserção em veículos de comunicação de alcance estadual e nacional. À época, muito próximo de Aécio Neves, defendeu com afinco a saída de Dilma Rousseff, votou a favor do golpe parlamentar de 2016 e foi ponta de lança do antipetismo nas fileiras tucanas.

Fico pensando que talvez Marcus Pestana não tenha se dado conta dos reveses que sofreria, embora fossem muitos e bastante claros os sinais de que os ventos poderiam virar a sua sorte. A título de recordação, Pestana chegou a ter candidatura cogitada ao Governo de Minas Gerais, mas acabou preterido por um “quase” ex-político, Pimenta da Veiga, que acabou derrotado por Fernando Pimentel em 2014. Também nessa eleição, Pestana se elegeu pela segunda vez deputado federal, mas sua margem de votos caiu bastante em relação a 2010, quando foi um dos parlamentares mais votados do estado. Em 2016, disputas internas pela escolha do vice do PSDB na dobradinha local com o MDB, do ex-prefeito Bruno Siqueira, azedaram a relação com a família Mattos, então incentivadora do nome do concorrente Antônio Almas. Pestana acabou vencido outra vez.

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O golpe mais doloroso veio com a derrota nas eleições de 2018, na qual Pestana não conseguiu a reeleição ao Legislativo, algo que poderia ser antecipado pelas sucessivas quedas nas votações, pelo tipo de capital político cultivado ao longo dos anos, pela perda de espaço entre os caciques do PSDB e, por fim, pelas votações dispersas no estado e relativamente baixas em seu domicílio eleitoral. Teria o ex-deputado outra fortuna caso houvesse enfatizado uma atuação mais centrada na manutenção de sua base local e regional?

O fato é que a chapa voltou a esquentar outra vez em 2020, quando o prefeito Antônio Almas, que tinha a prerrogativa de tentar a reeleição, demorou a informar ao partido que não o faria, inviabilizando a construção de alternativas puro-sangue. Os tucanos acabaram ficando de fora da disputa e, pela primeira vez em anos, não protagonizaram a corrida pela PJF.

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Avaliando o apoio de Pestana a Margarida, permanece a dúvida: faria ele esse movimento em um contexto mais favorável? Se o rechaço à candidatura de Wilson Rezato aponta, por um lado, para uma preocupação de Pestana quanto aos rumos da cidade, por outro, também parece sinalizar uma crítica ao partido e à condução realizada nos últimos anos por seu grupo majoritário local. A afirmação da candidatura de Margarida Salomão, nesse sentido, é racional e corajosa. Mas tomá-la como uma simples expressão de espírito público talvez não seja suficiente para colocar na mesa todas as peças de um xadrez que envolve o reposicionamento de um ator político em franco movimento. Resta saber aonde vai (ou deseja ir) o jogador.

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