Nestes tempos de pandemia, o conceito de direitos humanos mais ainda se fragiliza porque a situação atual expõe um lado frágil da nossa sociedade: a invisibilidade da população de rua. Frio, fome, ausência de calor humano, bares e restaurantes funcionando precariamente são fatores determinantes para que a extrema pobreza se torne ainda mais adversa. Muitas vezes discriminados e tratados como marginais e vagabundos diante dos pré-conceitos, estamos diante de pessoas marcadas pela falta de estabilidade familiar, problemas de saúde, dificuldades de socialização e patologias psiquiátricas.
É neste contexto que possuímos um pequeno exército de vidas humanas que se dedicam, por meio da compaixão, da gentileza, da solidariedade e do desprendimento, a auxiliar os moradores de rua ou, como alguns definem, os mendigos: refiro-me ao voluntariado. Conhecemos pessoas que abrem mão do conforto de suas casas e dos momentos de lazer para prestarem um trabalho aos desamparados da fome, dignidade, higiene e que dedicam, ainda, palavras de atenção e conforto. Isso não tem preço, porque se voluntariar é doar a si mesmo, é descobrir um mundo invisível de dor. É a quebra do isolacionismo humano pautado pelo egoísmo.
Em Juiz de Fora, existem pessoas que deixam o personalismo e o egocentrismo de lado para se dedicarem aos moradores de rua que agonizam pelas calçadas. Elas servem quentinhas, inclusive veganas, kits de higiene pessoal, água mineral e o que não se compra em loja alguma: calor humano, também ausente de muitas famílias que possuem vários patrimônios, mas que carecem de uma relação interpessoal sincera e amável, criando os abandonados dentro da própria casa.
Para se voluntariar, basta dedicar, por exemplo, uma hora por semana aos moradores de rua, ou, pelo menos, auxiliar doando produtos ou algum numerário. Já experimentou sair de carro e transitar pelas ruas de madrugada ou, mesmo, ao anoitecer, e perceber a precariedade da miséria humana? Idosos, jovens, crianças sobrevivendo no fundo do poço, sem qualquer perspectiva de vida! Ou é mais cômodo fechar os olhos?
Segundo Jean Jacques Rousseau, “vivi como mendigo para ensinar os mendigos a viverem como homens”. Seja um voluntário! Enxergue a população de rua com outros olhos! O maior beneficiado é quem sempre auxilia, porque as pessoas não imaginam o bem que fazem a si mesmas! Saia da sua bolha!