“Ninguém progride ou se aperfeiçoa sem o contato social. O que vale afirmar que é preciso não apenas viver, mas também conviver.”
Despertou-nos singular atenção tal orientação de Emmanuel, através da psicografia de Chico Xavier, acerca da convivência. Embora os tempos de distanciamento social, faz-se fundamental refletir sobre a convivência. Ela se faz presente nas relações familiares, profissionais, entre vizinhos, e, mesmo virtualmente, a modernidade e a tecnologia têm permitido, como nunca, as relações sociais.
Se, por um lado, conviver nos proporciona alegrias com nossos entes queridos, amigos, colegas de trabalho ou de ideais; por outro lado, o bem conviver solicita-nos cuidado, concessões, renúncias, entre outras virtudes. É o cuidar que possibilita a convivência mais harmoniosa e proveitosa. No contato social, o ser humano vai aparando as arestas de sua personalidade, analisando a si mesmo e percebendo-se e ao outro como peças da grande engrenagem que se chama vida. Emmanuel compara o mecanismo das relações humanas à máquina que a indústria aciona em benefício da humanidade. Para o bom funcionamento, o atrito deve ceder lugar à lubrificação, através do óleo da compreensão e da compaixão, no esforço construtivo do entendimento uns com os outros.
A Doutrina Espírita, na perspectiva do espírito eterno, tendo este antipatias e simpatias anteriores, apresenta o atual momento reencarnatório como aprendizado evolutivo, o que não dispensa o trabalho de análise e autoanálise nas relações pessoais. E todos que já despertaram para a responsabilidade de construir e elevar são chamados a ver e a raciocinar para o bem comum, conforme Emmanuel. Se temos discernimento e podemos identificar a presença do mal, isso não ocorre a fim de intensificarmos a esfera de sua influência e, sim, para que sejamos cooperadores na supressão de qualquer sombra, buscando fortalecer a luz. Todos trazemos luz e sombra; acionando nossa melhor parte, podemos influenciar positivamente nosso próximo e vice-versa.
Nos problemas de convivência, muitas vezes, o homem vê o insucesso nas atitudes dos irmãos de caminhada, enxerga o outro como sendo de difícil trato, sem, por vezes, analisar-se a si mesmo. Paulo de Tarso, apóstolo do Cristo, confessa que combateu o “bom combate”, imortalizando tal expressão e ensinamento, que traduzem o esforço que cada alma deve imprimir no trabalho de reforma íntima e na construção gradual da vitória sobre suas más tendências.
Diante da convivência e de suas advindas provas diárias, busquemos seguir o caminho Daquele que se fez forte para os fortes e fraco para os fracos, que viveu e conviveu com a humanidade, exemplificando também o amor, a tolerância e o perdão na convivência. Diante das adversidades que aguardam o bom combate, prossigamos construindo o amor e o entendimento na engrenagem da vida, na certeza de que Jesus nos antecede: “Nisto conhecerão todos que sois os meus discípulos: se vos amardes uns aos outros” (Jesus).
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