Com a globalização e os avanços tecnológicos, o fator “tempo” alterou a nossa forma de viver. Estamos acostumados a encarar uma rotina intensa, que nos sobrecarrega e nos satura mentalmente, tudo para a realização dos nossos sonhos e dos nossos desejos. O imediatismo se torna cada vez mais constante nas nossas vidas. No entanto, algo novo acontece. O trabalho para, as aulas são suspensas, o mundo em si paralisa. E nos vemos isolados nas nossas casas. Fica uma paz e, ao mesmo tempo, um vazio. Não há previsão de volta. Achávamos que a Covid-19 não chegaria ao Brasil, mas chegou. Estamos em dias de incertezas, mas temos a certeza de que uma hora isso vai passar. Porém como o mundo será depois disso?
Acredito que esses meses de isolamento social servirão para nos moldar. Nos reconhecemos como pessoas e revimos nossas prioridades. E essa autoavaliação será essencial para a vida pós-Covid-19. Durante a quarentena, refletimos os nossos erros e acertos durante a vida. Tantas coisas importantes passaram despercebidas por conta da rotina exaustiva. Saudades de ser abraçado por aquela pessoa que você ama, né? Saudades de sair com os amigos, das reuniões com a família, da sala de aula… Fazemos tantos planos a longo prazo que esquecemos de viver o hoje. Quando tudo voltar ao normal, daremos mais valor a pequenas atitudes como essas. Valorizaremos mais as pessoas. Um abraço e um aperto de mão, que hoje são tão desejados, porém proibidos, amanhã serão fundamentais.
Estamos a todo tempo conectados, mas percebemos que não dá para viver apenas da tecnologia. Ela nos proporciona muitas coisas, porém o ciberespaço jamais substituirá o ambiente físico. O “curtir” é importante, mas nada substitui um abraço. O “compartilhar” é interessante para trocarmos experiências, mas uma roda de conversa, ou um simples diálogo na rua com um vizinho, pode te proporcionar muito mais que conhecimento. O contato físico é poderoso. A socialização é importante. E, infelizmente, só observamos isso após uma tragédia.
Uns carregarão cicatrizes, pois foram milhares de vidas perdidas por conta da Covid-19. Outros vencerão o vírus. Uns perderam o emprego, outros se readaptaram profissionalmente. Cada um passou por uma experiência, seja ela boa, seja ela ruim. Não sabemos o dia de amanhã, a incerteza nos domina e causa ansiedade, os dias parecem monótonos. Embora o processo de ressocialização seja lento, pois haverá insegurança, voltaremos mais humanos. Nossa vida voltará à rotina normal, porém os abraços serão mais apertados, as reuniões, mais calorosas. A vida, mais valorizada. Bom, isso é o que eu espero.
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