Por Iriê Salomão de Campos, Comunidade Espírita A Casa do Caminho
Em seu Evangelho, Marcos fez um apontamento que no mínimo é intrigante. Afirma o evangelista: “Havia muitos que iam e vinham e não tinham tempo para comer” (6:31).
Os caminhos e estradas, cortando todo o Planeta Terra, estão repletos de pessoas que vão e vêm esquecidas de sua filiação divina e muito atentas aos valores materiais e imediatistas, tamanha é a intensidade de seus interesses, que, além de não cuidarem do seu equilíbrio emocional, não se preocupam sequer com a própria saúde física, tudo pela ambição desmedida de conquistar bens e satisfazer seus desejos pessoais.
Inúmeras pessoas atravessam a vida trocando a refeição diária pelo lanche, certos de que a economia de tempo resultará em mais um objeto conquistado. Outros, de braços abertos para aventuras desmedidas e novidades emocionais, mais adiante, se veem imersos no tédio destruidor. Há aqueles que desafiam as leis morais em busca de ouro e poder, e tempos depois os vemos mergulhados na desilusão.
Da mesma forma como ocorria nos tempos do apostolado do Cristo, a maioria dos homens permanece no vaivém dos caminhos, entre a procura um tanto desorientada da felicidade pessoal, refém da leviandade da juventude à desilusão da velhice. Entre a saúde menosprezada e a doença consequente, segue a humanidade desperdiçando seu tempo de encarnação, na curta passagem pela Terra, diante da grandeza da obra da vida espiritual.
Nos vários recantos do mundo, há quem se alimente de tristeza, quem cultive o isolamento e viva por prazeres vulgares. Há alguns que transpiram a revolta, outros que adotam o calculismo frio por ferramenta de conquista, e também aqueles que vivem de mentiras e propagando aflições.
Mas nenhum ser humano, esteja em que nível emocional estiver, se encontra imune ou absolutamente refratário ao toque do bem comum. Em algum momento, quando desperto por um tênue fio que seja, terá sua sensibilidade despertada pela luz divina, levando-o a descobrir-se entediado pelas substâncias tóxicas do materialismo, deterioradoras da vida sem o bálsamo do Cristianismo. Então o homem recém-desperto roga pela iluminação do santuário íntimo, para iluminar a sua caminhada que até então as trevas o inspiravam.
E o homem começa a renovar-se diariamente, e a força cede lugar à autoridade, e esta ao direito. O egoísmo vai sendo abandonado e, progressivamente, o amor ao próximo nasce sob a forma de atenção e respeito. As sucessivas e inevitáveis melhorias requerem esforço e lutas. O homem de hoje é fruto do passado, a civilização que vive a atualidade resulta das antecessoras, as nações se restauram e aproveitam as que ontem se desfizeram.
Para que o homem comece no seu ir e vir a alimentar-se, é aconselhável que se una ao Cristo em espírito e verdade, de modo a aproveitar o pão material e o espiritual, pois sem a companhia do Divino Mestre nada de efetivamente útil podemos realizar. Por isso, Jesus ensina: “Ninguém chegará ao Pai senão por mim”.