Juiz de Fora vivencia uma onda de furtos nas escolas públicas. Dentre as ocorrências, ganhou destaque o caso da Escola Estadual Batista de Oliveira, que já foi invadida seis vezes em 2017. No entanto a escola não tem sido o único alvo de invasores. Outras instituições são vítimas de roubos e de vandalismos constantes que não repercutem na imprensa. Ainda que o espaço disponibilizado não me permita aprofundar nas várias questões mencionadas a seguir, indicarei uma resposta para a indagação: o que está por trás dessa onda de furtos em escolas públicas?
A resposta para essa pergunta é o fracasso do nosso sistema educacional. Contudo este texto não almeja fazer uma apologia da rede privada de ensino em detrimento da rede pública. Pelo contrário, a escola pública possui uma função social muito importante que, infelizmente, é destruída por sua desvalorização e a de seus profissionais pelo próprio Poder Público.
O fracasso da educação pública está atrelado à sua incapacidade de promover a cidadania. Os furtos e vandalismos são um exemplo claro disso, sobretudo por envolverem suspeitos que são alunos da própria instituição ou membros da comunidade onde ela está localizada. Isso acontece porque o ensino não se modernizou, mantém características de décadas atrás que em nada se relacionam com os nossos dias. O ambiente escolar, por si só, é muito mais opressor do que acolhedor ou capaz de despertar o interesse dos alunos.
As escolas se assemelham muito mais a presídios do que a ambientes de formação cidadã. Seus muros são altos, as grades estão por todos os lados, a circulação é restrita, água e alimentação possuem horários específicos. Dentro de sala, utiliza-se ainda uma velha organização autoritária em fileiras, que prejudica uma interação eficiente entre alunos e professores, e faltam recursos didáticos além do giz.
Com um contexto repressor como esse, é natural que o aluno não se identifique com as oportunidades que a educação pública oferece. Fora da escola, o mundo é mais rápido e dinâmico. E é nesse retardo que a escola perde jovens para o imediatismo da vida cotidiana, incluindo o tráfico de drogas e seus hábitos violentos, por exemplo. A recente reforma do ensino também não colaborará para uma educação cidadã, tendendo a tornar o ensino ainda mais exclusivo na sociedade.
A solução que se buscará para os furtos será de policiamento, investimento em muros mais altos e instalação de alarmes e câmeras de segurança. Ainda que sejam ferramentas necessárias para proteger o patrimônio público, esquece-se do principal. Escola não deve ser repressora e intransponível, ela deve ser da comunidade, aberta, acolhedora e transformadora. Um lugar com o qual os alunos e a comunidade se identifiquem e enxerguem verdadeiras possibilidades de transformar suas vidas.