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O pequeno grande equilibrista

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Na manhã do dia 14 de junho estava fazendo meu trajeto como de costume a caminho do trabalho. Descendo a Avenida Itamar Franco, me deparei com uma cena que mexeu muito comigo e me fez refletir sobre muita coisa.

Enquanto aguardava o sinal para atravessar a rua, vejo uma criança de aproximadamente 8 anos de idade se preparando para sua apresentação, no intuito de gerar algum entretenimento aos motoristas que aguardavam ansiosos no sinal. Quando as luzes vermelhas pararam os carros, o palco estava pronto, era chegada sua hora. Ele apanhou suas ferramentas, e, assim como um jogador ao entrar em campo, se ajoelhou, fez o sinal da cruz e foi para a faixa como quem fosse cobrar um pênalti decisivo em uma final de Copa do Mundo.

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Com menos de um minuto para mostrar seu talento, ele se depara com uma torcida adversa, ambiente hostil, um adversário duro, mas com uma vontade imensurável de vencer e conseguir ajudar no sustento da casa.

Presenciar essa cena me fez pensar em como “nossa” realidade é obscura e como nossos valores estão invertidos.Uma criança deveria estar na escola, e sua única preocupação deveria ser como desbloquear um mapa novo no Minecraft.

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Quantos sonhos estão ali sendo amputados de forma precoce?
Quantos procuram um caminho mais fácil nessa corrida desleal?
A cada cadeira de escola vazia, é um provável corpo a mais se espremendo numa cela.

Feliz por ver um garoto desde novo buscando o certo, de forma digna. Porém indignado pelo fato de ele ter que fazê-lo. Infelizmente, cenas como essa estão cada dia mais comuns, e quase sempre são invisíveis aos nossos olhos.

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Sigo por aqui, mesmo de longe, torcendo por esse garoto e por tantos outros que se encontram nessa situação.

Eu sei, às vezes, ficamos de mãos atadas. Mas nunca devemos perder a esperança ou fechar os olhos para nossa realidade.

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Que a esperança prevaleça.
Que o mundo se cure.
E que sonhos sejam livres.

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