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Destino de uma nação

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O filme sobre a resistência do povo britânico à ameaça nazista, na Segunda Guerra, põe em destaque a figura de um grande estadista: Winston Churchill. Para os que leram o livro de John Lukacs, “Cinco dias em Londres”, assistir a esse filme é reviver na tela do cinema episódios da história contemporânea que mostram como o vigor e a clarividência de um líder podem conduzir uma nação ao encontro do seu destino, em momento de dificuldades aparentemente insuperáveis. Churchill salvou o Reino Unido e o mundo naquela quadra. Em circunstâncias menos graves, mas que, de qualquer modo, punham em risco seu país, o General De Gaulle foi chamado a assumir o governo da França, em 1958, quando da crise que culminou na independência da Argélia. Os Estados Unidos, por sua vez, viram-se diante da iminência de um conflito nuclear, em 1962, em razão do problema dos mísseis cubanos, e foram salvos pelo equilíbrio de Kennedy, que, resistindo ao clamor popular por um ataque aéreo imediato, soube, como verdadeiro estadista, encontrar uma solução pacífica para a crise.

No Brasil, temos vivido – e vivemos presentemente – situações internas em que a paz social, a ordem pública, a moralidade administrativa se vêm ameaçadas, comprometendo a estabilidade das instituições e abalando a confiança do povo nos seus governantes. Faltam-nos, hoje, estadistas, isto é, políticos de têmpera, dotados de descortino, imbuídos de boas intenções, sintonizados com as aspirações do povo, que sejam capazes de conduzir-nos a melhores dias.

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Tivemo-los no passado? A verdade é que nossa história não nos oferece muitos exemplos de líderes que correspondam a esse perfil. Nos albores da nacionalidade, quando o país buscava vida autônoma, contamos, é certo, com José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patriarca da Independência. O Marquês do Paraná (Honório Hermeto Carneiro Leão) e poucos outros que presidiram o Conselho de Ministros, no Império, cumpriram papel semelhante. Na República, salvo em alguns dos nossos primeiros presidentes civis (Prudente de Moraes, Campos Sales, Rodrigues Alves e Afonso Pena), talvez não encontremos exemplos de homens da mesma estirpe ou que componham, em sua plenitude, o perfil de estadista.

Em alguns, não se poderia negar a existência de atributos para tanto, mas falhas de personalidade, defeitos de temperamento, tendência ao personalismo, índole autoritária ou espírito populista, impediam que neles se compusessem todos os traços exigidos para esse papel. “O Brasil é um deserto de homens e de ideias” – disse, num instante de desalento, Oswaldo Aranha. Infelizmente, nunca a frase fez tanto sentido quanto agora.

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