A obra é do arquiteto e urbanista Jaime Lerner. Mas o que, afinal, seria essa “acupuntura urbana”? Ora, acupuntura urbana é como qualquer outra acupuntura e tem por objetivo a “cura”, no caso, a resolução de certos males que afetam a vida das cidades. Os governantes competentes têm por obrigação saber que as sessões de acupuntura costumam atacar pontos “nevrálgicos” que afetam o desenvolvimento urbano. As cidades crescem, assim como os seus problemas, o que requer dos administradores visão de futuro, planejamento, determinação, sempre com vistas a suprir os anseios e as necessidades da população, criando condições para que a qualidade de vida não corra risco de se deteriorar.
Não há dúvidas de que Juiz de Fora parou no tempo e no espaço. Na verdade, a “terrinha” tem uma tremenda resistência à modernidade. Em boa parte de seus 167 anos de vida, a cidade nos parece a mesma, talvez por falta de visão, desinteresse, desídia ou, mesmo, arraigada acomodação por parte dos nossos administradores ao longo de tantos anos.
Juiz de Fora é uma cidade acanhada, extremamente deficiente em planejamento. A cidade cresceu, mas não evoluiu e não tem sido capaz de atender, plenamente, suas demandas. Nesse contexto, a mobilidade e a acessibilidade se destacam. Segundo o arquiteto e urbanista Jan Gehl, “quanto mais vias, mais tráfego e mais congestionamentos”. Na verdade, a lógica do trânsito é que precisa mudar, sobretudo, no sentido de melhor ocupar o espaço viário. Além disso, o nosso transporte público tem sido deficiente; o Paraibuna eternamente poluído e assoreado; a perigosa passagem da ferrovia em nível (sugestão do rebaixamento ignorada) pelo Centro da cidade; o excesso de automóveis em circulação em razão da inexistência de um transporte público de qualidade, etc.
Nesse mesmo compasso, estamos há 30 anos. A acomodação é uma forte característica da cidade. Assim está, assim vai ficar. Há quem reclame, mas há os que, com infundados e incompetentes argumentos, sempre impedem o progresso e comemoram quando as medidas propostas não se concretizam. Mas até quando terá que ser assim?
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