Por todos os tempos e nas mais variadas culturas, encontramos pessoas buscando seus ídolos, mitos e figuras de expressão, de modo a construir-se uma identidade temporal, que naturalmente se esvai na justa medida em que o tempo passa e outras surjam, salientando novos interesses e ideias que igualmente expliquem, justifiquem e os transformem em ilusões passageiras. Tudo isso resulta em conflitos, sensação de perda e frustração, contribuindo fortemente para tumultuada realidade mundial, que a história nos conta.
Descrença, imediatismo, materialismo grosseiro, orgulho, sensação de superioridade, racismo, intolerância e tantas quantas mais características aqui couberem são as emoções que em fartura jorram entre nós.
Percebemos que há tanta necessidade de encontrar quem nos oriente e perguntamos qual a dificuldade em efetivamente abraçar aquele que veio com essa missão?
Há tanto tempo passado e suas mensagens eternas continuam ao nosso dispor. Como tal, é de inteligência tomar as divinas lições contidas no Evangelho, por guias em nossa caminhada, não importando o local, a cultura, idioma, cor, status social ou qualquer outra expressão humana. Porque toda ocorrência na vida de Jesus é sempre lição edificante para o Espírito e ensinamento guia do progresso eterno, abrangendo de maneira inquestionável todas as circunstâncias e setores da vida humana.
Jesus ensinando sobre as experiências na vida em grupo afetivo requer a atenção afirmando: “O que mergulhou a mão na tigela comigo, esse me entregará.” (Mateus). O Mestre está ensinando que dificilmente os ataques às nossas emoções virão de estranhos, que a ingratidão e o egoísmo não são plantas semeadas em campos opostos e que o infrator mais temível de todas as boas obras é sempre o amigo transviado do caminho seguro, o companheiro enciumado, o irmão indiferente, o colega leviano.
Os juízes do Sinédrio, com todo o seu poder pessoal temporário, sozinhos não se achavam fortes o bastante para executar o sinistro plano. Foi necessário corromper o amigo imprudente.
Em geral, a calúnia, o erro, a deserção e o fel não partem de nossos opositores, mas sim dos que se alimentam conosco.
Por isso, Jesus nos ensina o perdão. Perdoe não sete vezes, mas setenta vezes sete vezes. “Perdoa-lhes, Pai, não sabem o que fazem.” Portanto, na construção íntima do Reino de Deus ensinado pelo Cristo, meditemos nossos erros, conscientes ou não, assumindo nossas responsabilidades e débitos, sem mais acusações em todos os temas que se refiram à eternidade perante o Cristo. Dessa forma, somaremos forças para desculpar as faltas do próximo, dilatando o amor e elevando a sinceridade no mais profundo de nosso coração, para dizer em prece diária: “Porventura existirá alguém mais ingrato contigo do que eu, Senhor?”.