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Ser professor

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Na historiografia brasileira, que se tem notícia, o primeiro diploma legal versando sobre educação com abrangência no plano nacional é a lei de 15 de outubro de 1827. Promulgada ainda no regime imperial, tinha por ementa “crear escolas de primeiras letras em todas as cidades, villas e logares mais populosos do Imperio”. Pois é, este dia acabou se tornando o Dia do Professor nas terras brasilis.

Sou professor. Não por ter estudado, formado, certificado, diplomado, graduado, pós-graduado lato e stricto sensu ou ainda por exercer o magistério por várias décadas. Ser professor não é estar, como um eventual político, governante ou ministro. É ser por todos os segundos, minutos, horas, dias e noites da vida que é, foi e que haverá de ser.

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É no presente falar do passado para garantir o futuro das crianças que escutam. É ensinar a somar e acreditar na transformação dos jovens a partir do amor incondicional e da compreensão dos limites de cada um. É mostrar para os adultos que existem caminhos e, principalmente, liberdade de escolhas, pois cada qual tem direito ao livre arbítrio de suas próprias decisões. É ver o brilho nos olhos do idoso que escreveu e leu pela primeira vez o b-a-bá. Pois então é isto, ensinar e aprender é um ato atemporal, educar é uma entrega de amor infinito.

Sou professor. Gosto de ser. No exercício do magistério, as dificuldades foram muitas. Entretanto acredito que todas elas sempre estiveram centradas nos impasse gerados pela conciliação de sonhos, interesses e ideais com a realidade do dia a dia. Os professores somos todos quixotescos sonhadores. Talvez, porque o sonho seja o gênesis dos ideais.

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Se um dia alguém conhecer um professor que não seja um idealista, será necessário questionar primeiro se ele realmente é um professor. Bem verdade que, vez por outra, gigantes malvados travestidos de moinhos de ventos cruzam nossos caminhos. Mas o que importa é que não fugimos à luta. Se nos derrubam e somos vencidos, na próxima batalha, estaremos novamente de pé e podemos ser vencedores, posto que a beleza dos sonhos reside exatamente na possibilidade da eterna da reconstrução.

Sou professor, sim, não por simples honra e dignidade, mas porque na realidade sempre acreditei nos sonhos. Os meus, da igualdade que embalei; os seus, da liberdade que acalentei; e os nossos, da fraternidade que pela vida afora ensinei a cultivar. Vez por outra, quando estou distraidamente transitando pelas ruas da cidade, escuto: “Oi, professor”. Este reconhecimento é o que me basta. Nada mais prazeroso e indelével.

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