A corrupção nas organizações é um fenômeno sistêmico que alcança empresas de diferentes segmentos e portes. É crescente o número de casos noticiados pela mídia e, diante disso, as empresas que adotam boas práticas de gestão passaram a tomar medidas para evitar ações fraudulentas e reduzir riscos. É bom lembrar que iniciativas preventivas nessa área sempre ajudam a aumentar a competitividade e a preservar a imagem corporativa. Já o contrário afeta a lucratividade e a sustentabilidade da empresa no longo prazo e compromete o desenvolvimento do mercado.
Desde 1947, a ciência busca compreender as motivações do trabalhador no ambiente corporativo, mas, só nos anos 1990, os estudos se aprofundaram nas causas desse fenômeno. É quando surge o termo compliance, que expressa o grau de conformidade de indivíduos e organizações com as condutas pautadas por imperativos morais.
Hoje, o Ministério Público Federal propõe mudanças para deter fraudes nas empresas, como a agilidade na apuração de crimes de corrupção, o fim da impunidade e a adoção de medidas preventivas. O Tribunal de Contas da União, por sua vez, editou recentemente o “Referencial de combate à fraude e corrupção: aplicável a órgãos e entidades da Administração Pública”. A publicação aborda o tema de forma ampla – principalmente no que diz respeito às relações entre instituições públicas e empresas privadas – e sugere ações simples e de baixo custo para lidar com o problema.
Pequenos negócios também são alvo de fraudes e devem agir para preveni-las. Para entender o nível de exposição de uma empresa, consideram-se fatores como o conhecimento e a avaliação dos riscos, o comprometimento dos gestores e funcionários com a cultura organizacional, o código de conduta e os controles internos adotados, além da manutenção e monitoramento de canais de denúncia.
Compreender o grau de vulnerabilidade da organização à corrupção deve ser outra prioridade. Um dirigente permeável a tais práticas influencia mal a equipe e abre espaço para incidentes que podem minar a integridade corporativa. Ao entender a importância e a dimensão do seu papel, gestores fortalecem os princípios e valores de uma pequena empresa junto a seus funcionários, prestadores de serviço e fornecedores, entre outros stakeholders.
O código de conduta é um importante aliado na definição e comunicação transparente das normas corporativas. Em geral, ele estabelece um conjunto de princípios e valores que deve ser reconhecido e praticado. Para o Instituto Brasileiro de Governança (IBG), o código contribui para a administração de conflitos, ao estabelecer normas e políticas que guiam o relacionamento entre conselheiros, diretores, sócios, funcionários e demais atores. O nível de controle interno também é relevante na prevenção de fraudes e, na pequena empresa, pode ser feito pelo próprio empresário.
Canais de denúncias que garantem o sigilo do delator também fortalecem a prevenção. Desde que se proceda à devida apuração dos fatos, eles permitem a aplicação de medidas e punições que inibem comportamentos que comprometem a reputação. Segundo a Association of Certified Fraud Examiners (ACFE), um canal de denúncia gera agilidade na detecção de fraudes e reduz perdas em até 44,4%. Como se vê, há vários mecanismos para prevenir e combater fraudes nas organizações, independentemente do seu porte. Negligenciar a corrupção, expondo a organização a riscos e prejuízos, é inadmissível e incoerente com os propósitos de qualquer empresa séria e socialmente responsável.
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