Em uma sexta-feira do mês de março, à noite, conversando com um fraternal amigo, em um bar com bastante freguesia da região central da cidade, fomos inúmeras vezes abordados por crianças vendedoras de balas, doces e demais guloseimas. Comentei com ele que esse fato está generalizado pela cidade afora.
Essa é uma cena recorrente nos espaços urbanos de nossa cidade: a presença de pessoas, em situação de pobreza, procurando receber algum dinheiro para gastar com suas necessidades imediatas. Nos cruzamentos das ruas, junto aos sinais de trânsito, vejo alguns jovens fazendo exibições de suas habilidades pessoais, procurando sensibilizar os condutores de veículos com suas performances para angariar alguns Reais.
Já os pequeninos são vítimas de exploração do seu “trabalho” na infância, e sem perspectivas para o futuro. Temos a parcela da nossa sociedade formada por adultos (em melhor condição de vida) que olha esses casos com reações antagônicas, que vão desde o desdém até a indignação permanente.
Como não se comover com essa situação peculiar de degradação social? A naturalização desses fatos cotidianos me incomoda. A cidade de Juiz de Fora já apresentou boas iniciativas no campo do desenvolvimento social. Tanto a Prefeitura de Juiz de Fora como as entidades de assistência social, historicamente, realizaram trabalhos com as pessoas empobrecidas de forma efetiva e generosa.
Entretanto, agora, os sintomas do problema do empobrecimento estão bem visíveis. Temos crianças, adolescentes e jovens em contínua exposição ao risco pessoal e social. Tenho o conhecimento de que as causas estruturais geram a pobreza, e a conjuntura recente de brutal recessão justifica em boa parte a crescente exclusão social no país.
O que fazer? Acho que, por um aspecto, falta ao município a gestão integrada das políticas sociais. E no outro aspecto precisamos de novos empreendedores sociais, que são aqueles indivíduos com soluções inovadoras para os problemas sociais mais prementes da nossa sociedade.
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