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Na paz do Senhor

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Afirmam alguns especialistas, em crônica política, “que de tédio ninguém sofre em Brasília”. De fato, não só na capital federal, mas pelas entranhas da administração nacional em todos os âmbitos, os escândalos se superam como inimagináveis. O presidente da República promove encontros sorrateiros em defesa do bem próprio, enquanto o prefeito da “cidade maravilhosa” vai para a Europa, relegando a cidade à violência criminosa e ao descaso administrativo, e, em Juiz de Fora, os responsáveis pelo bem público aprovam uma nova lei que permite a construção de monstrengos imobiliários, sem qualquer infraestrutura em redor, de modo a garantir o bem-estar social.

Tem sido assim ao longo de muitas décadas. Os homens públicos dedicados à política especializaram-se, com raríssimas exceções, em utilizar particularmente o que deveria ser público. E, em um ano de eleições, a população mostra-se com desesperança e descrença, como se toda felicidade e realização possíveis estivessem nas mãos e dependessem exclusivamente deles.

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Lembremos que somos todos filhos do mesmo Pai, com tarefas e vidas diferentes, mas sem exceção destinadas ao progresso e à realização possível. Essa possibilidade varia segundo nossos méritos, compromissos e dedicação ao aperfeiçoamento pessoal. Como saber enfrentar toda e cada dificuldade sem acrescentar revolta, vingança ou mais falhas? Esforço individual no propósito de permitir e provocar o nascimento de “um novo homem”, como exemplifica Paulo, o Apóstolo. Jesus afirmou, e Lucas registrou em seu Evangelho: “Deixem que os mortos enterrem seus mortos. Tu, porém, vai e anuncia o reino de Deus”.

Em nossa cuidadosa caminhada de todos os dias, quando já atentos ao exercício da prece e da boa vontade, somos rodeados de mortos, que compartilham as ruas das cidades. Mortos vitimados por tantos males quantos são os desejos materiais. Vemos aqueles que jazem pela usura, estendidos em seus túmulos de ouro; intelectuais enrijecidos pelo gelo do materialismo e da indiferença; pessoas impulsivas sepultadas em espinheiros do imediatismo; e preguiçosos guardados em ataúdes da inércia. Para semelhantes deficientes de amor ao próximo, sentenciou: “Deixemos que os mortos enterrem seus mortos”.

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Procuremos, então, viver nossa vida, dedicando toda força do coração ao trabalho digno, visando ao sustento pessoal e ao bem do próximo, porque somente no exercício do bem infinito nos tornamos capazes de superar as fraquezas, vencer as emoções de níveis inferiores e alçar-nos ao encontro da vida imperecível, da serenidade e da paz que o Cristo nos ensina.

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