O termo em destaque refere-se às formas em que o racismo é empregado nos diversos campos sociais, aqui, com ênfase no ambiente de trabalho. Sem a pretensão de esgotar o tema, utilizamos o referido termo como ponto de partida para propiciar algumas reflexões.
Torna-se necessário refletir sobre situações verídicas e muito constantes em que um indivíduo negro ingressa em uma empresa, costumeiramente estruturada sem priorizar a igualdade de oportunidades entre brancos e negros, no típico viés do racismo estrutural.
Um ambiente de trabalho em que ninguém percebe ou se incomoda o suficiente a ponto de questionar o percentual de negros existentes ou quantos ocupam postos tipicamente destinados a brancos, por envolver posição de destaque, tomada de decisão, criação de estratégias, lugar de fala e tantas questões tidas como patrimônio branco, umas facetas do racismo institucional.
E nesse ambiente ocorrem muitas situações envolvendo relações interpessoais tóxicas, como o racismo recreativo, usado como entretenimento por meio de piadas tidas como engraçadas, mas que ferem a integridade do indivíduo negro e sua ancestralidade, tendo como objetivo imputar-lhe inferioridade e ditar o lugar limitado e subalterno destinado socialmente a ele.
Outra questão é o fato de ser o negro rotulado como incapaz ou possuidor de dificuldade ou incapacidade de se relacionar, tocando num dos pontos mais exigidos institucionalmente devido ao impacto no clima organizacional e nos resultados da empresa.
O racismo velado é igualmente comum nas relações e no ambiente de trabalho, mas, por seu perfil implícito, tende a passar desapercebido. Por isso, muitas vezes, atos racistas são distorcidos de tal forma que o negro passa de vítima a problemático: “É muito sensível! Não tem esportiva. Interpretou equivocadamente. Vê coisa onde não tem”.
O que dizer de empresas que dizem não poder “nivelar por baixo”, e por isso, não contratam negros?! Outras não contratam negros por acreditarem que suas características físicas não são compatíveis com sua marca.
Por todo o explicitado até aqui, inúmeras são as evidências acerca da necessidade de espaços institucionais pensados numa vertente antirracista, pois é insuficiente definir-se não racista, é inadmissível ser conivente com o racismo, é vexatório não se posicionar.
É mais que necessário ser antirracista. Não por mero marketing, cota ou modismo, mas, sobretudo, com consciência e atitudes práticas, pois, enquanto maioria na sociedade, os negros não podem continuar à margem. Não mais!