“Não pense que vim trazer paz sobre a terra. Não vim trazer a paz, mas a espada.”
Essa citação de Jesus, no Evangelho de Mateus, faz com que alguns leitores sintam-se perturbados, porque o conceito de paz circulante nos caminhos da humanidade milenar é resultado de um pensamento de subjugação, o dominado expondo-se às exigências e humilhações do seu dominador, em nome do estabelecimento de uma suposta paz, e outros tantos entendem a paz como o ato de refugiar-se do mundo, vegetando no silêncio dos mosteiros, perdendo importante e expressivo tempo de reencarnação. O ensino lançado por Jesus vai muito além do baixar das espadas, do silenciar dos canhões ou da vida de reclusão. Jesus de Nazaré, o Divino Reformador da humanidade, não poderia compactuar com viciados pensamentos e falsos princípios instaurados no mundo, por isso o simbolismo da espada remete na luta individual e regeneradora de aperfeiçoamento.
Se, na época em que Jesus esteve encarnado entre nós, a realeza dos governantes e a tirania social escondiam-se entre ouro e opulência, garantindo a força da opressão e do cativeiro, os tempos se passaram, seguiram-se, e a humanidade disfarçou a crueldade da força da brutalidade em uma verdadeira cartilha de ignorâncias, que são expressas em racismo, preconceitos e discriminações de todas as ordens.
Com Jesus, no entanto, a espada é diferente. Se cravada no chão, representa uma cruz, cruz em que o Cristo deixou-se imolar para servir de exemplo e testemunho do sacrifício pela sementeira da grande luta em favor do bem para toda a humanidade.
Aqueles que se põem atentos aos ensinos do Mestre de Nazaré aprendem desde o início que a disciplina e o esforço no combate ao orgulho e ao egoísmo são os alvos da espada redentora para a caminhada no bem.
Quem se habilita a erguer a espada do Evangelho entendeu, mesmo que basicamente, que seu dever é compartilhar fraternalmente os fardos dos companheiros de jornada, de modo a lhes aliviar a carga. É ceifar a violência em todas as suas expressões, contribuindo para a concórdia. O espadachim do bem é todo aquele que continua abraçando de boa vontade os compromissos, mesmos os que já foram vencidos como ideal, para facilitar a jornada daqueles que vêm a seguir.
Para sermos construtores da paz, é necessário saber doar-se em ações vivificantes em favor do próximo, tantas vezes quantas forem necessárias até que se fixem em nossos corações as mais puras emoções da paz, semeada por Jesus de Nazaré.