Nesses tempos de pandemia, existem muitos idosos e crianças carentes de amor, mas sobretudo os mais frágeis devem lembrar que para além dos problemas humanos, das preocupações e das ansiedades do dia a dia, sempre existe alguém que nos ama gratuitamente e fielmente. No mundo existe mais fome de amor do que de um pedaço de pão, dizia Madre Teresa.
No plano das relações humanas, é oportuno refletir sobre o sentido do amor. O grande pensador e teólogo Santo Tomás de Aquino assim definiu com simplicidade e exatidão: “Amare est velle alicui bonum” = “Amar é querer algo de bom para alguém”.
Quando amamos, refletimos a fonte do amor que é Deus! De maneira consciente ou inconsciente estamos sempre buscando o amor, de Deus e das pessoas. Quando amamos e somos amados, alcançamos a felicidade, pois o amor é capaz de nos elevar para além das conquistas materiais e efêmeras. Tudo o que é belo, bom e verdadeiro vem de Deus, que é amor. O amor não é ruidoso nem pomposo, mas se concretiza em gestos simples, ou seja, numa palavra, num carinho, num sorriso, numa atenção etc.
Também podemos amar através da arte! Recentemente, através de um vídeo em que adaptei para o piano um movimento da terceira sinfonia do compositor Johannes Brahms (1833-1897), ofereci à minha amada mãe essa música como expressão de amor. As artes têm em vista, “por natureza, exprimir de alguma forma nas obras humanas a beleza infinita de Deus e procuram aumentar seu louvor e sua glória na medida em que não tiverem outro propósito senão o de contribuir poderosamente para encaminhar os corações humanos a Deus” (Concílio Vaticano II). Quem tiver notado em si mesmo essa espécie de centelha divina que é a vocação artística (de poeta, escritor, pintor, escultor, arquiteto, músico, ator etc.) deve cumprir o dever de não desperdiçar esse talento, mas de o desenvolver para colocá-lo ao serviço do próximo e de toda a humanidade.
Você, caro leitor, que hoje se sente carente de amor, sobretudo nesse atual contexto de isolamento social, saiba que estou pensando em ti e através das minhas palavras ofereço-lhe amor. Por fim, lembremo-nos daquela conhecida oração de São Francisco que diz assim: “Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz; onde houver ódio, que eu leve o amor; onde houver ofensa, que eu leve o perdão; onde houver discórdia, que eu leve a união; onde houver dúvida, que eu leve a fé; onde houver erro, que eu leve a verdade; onde houver desespero, que eu leve a esperança; onde houver a tristeza, que eu leve alegria; onde houver trevas, que eu leve a luz; ó mestre, fazei que eu procure mais consolar que ser consolado; compreender que ser compreendido; amar que ser amado; pois é dando que se recebe; é perdoando que se é perdoado; e é morrendo que se vive para a vida eterna !”
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