Daqui a menos de um mês teremos eleições municipais. É chegada a hora de analisar o balanço das realizações dos vereadores da Câmara. Disputar a reeleição, principalmente nesse momento de conturbação política, não será tarefa fácil para aqueles que cumpriram o mandato na “sombra do boi”, somente cuidando de seus interesses. Para aqueles que desempenharam bem o mandato, a reeleição pode acontecer naturalmente. Já os novos candidatos, com ares de esperança e salvação dos problemas que afligem a população, devem redobrar os esforços para a conquista do eleitorado.
O corpo a corpo na disputa eleitoral não pode perder de vista a verdade nas promessas dos candidatos a vereador. Mentir para os eleitores é crime eleitoral, e isso foi muito comum nas últimas eleições para presidente. Um verdadeiro show de promessas fantasiosas tomou conta das televisões e dos palanques dos presidenciáveis. Uma vergonha nacional.
As promessas dos candidatos a vereador costumam vir recheadas de ofertas atrativas ao eleitor. Serviços que nada têm a ver com as suas verdadeiras funções são prometidos nas comunidades. O eleitor, por sua vez, desconhecendo esses artifícios, ou não, confia o seu voto àquele candidato que mais lhe oferece vantagens. Essa é a realidade no momento do voto: avocar os interesses vantajosos, em detrimento da população. Bem de acordo com o ditado: “Farinha pouca, meu pirão primeiro”. Triste realidade!
Enquanto o eleitor não se conscientizar de que o troca-troca de vantagens com políticos só serve para alimentar a cadeia de malfeitos no país, jamais sairemos desse processo. Temos que começar pelos pequenos atos. E o momento das urnas é propício para os eleitores darem o recado de que não mais aceitarão candidatos que estejam comprometidos com a criminalidade eleitoral ou mentira.
O candidato a vereador tem a obrigação de saber as suas atribuições e as sanções penais previstas em lei eleitoral, se ele realmente pretende ser um nobre edil. A compra de votos e as mentiras praticadas são condutas que ofendem os princípios resguardados pela legislação eleitoral e, portanto, são consideradas crimes eleitorais. O que se pode esperar de um candidato que já se apresenta faltando com a lisura e com o compromisso de legislar para o bem do povo e do município?
Não é função de vereador distribuir cesta básica, saco de cimento, pagar churrasco, fazer festa para a comunidade, oferecer emprego, conseguir vaga em hospital, tapar buraco de rua, prometer obras. Mas, sim, legislar sobre o interesse local, fiscalizar as contas da Prefeitura, promover debates públicos. Atenção, candidatos: prometer aquilo que está fora de suas funções ou aquilo que não pode cumprir é crime!
Temos, no período eleitoral, dois lados perversos com um só objetivo: interesse próprio. Um lado é quando o candidato se aproveita de suas condições de futuro legislador para iludir o eleitor, e a ética, então, passa para o andar de baixo. O outro é quando o eleitor vota com a intenção de auferir benefícios para si. Então, é sinal de que o combate à corrupção ainda está longe de chegar ao fim. São pequenas distorções que devem ser combatidas logo no início se, de fato, quisermos um Brasil melhor.