Em tempos de reclusão pandêmica, todos nós, sem exceção, passamos por um profundo aprendizado disciplinador, que nos retirou do costumeiro mundo da rotina e da acomodação, pressionando a cada um que se redescubra, diante deste momento de tantas incertezas. E o processo de renovação se faz possível através do pensamento, este instrumento ao qual pouco nos atentamos com mais profundidade.
Tamanha é a importância de se conhecer a força do pensamento que os evangelistas Mateus, Marcos e Lucas dedicaram-se ao tema, donde se conclui que Jesus deteve-se a esse ensino. Assim sendo, Allan Kardec, em seu trabalho missionário, dedicou-se a coletar da espiritualidade superior uma vasta reflexão educativa tendo como o tema central o pensamento.
Neste sentido, ensina-nos a Doutrina Espírita: … Todas as obras humanas constituem a resultante do pensamento das criaturas. O bem e o mal, o feio e o belo vivem, antes de tudo, na fonte mental que os produziu, porque a mente é o manancial vivo das energias criadoras, e o pensamento é a substância que dará forma a tudo que idealizamos. Assim é que nações, cidades, leis são criadas de modo concreto a partir do pensamento, e o verdadeiro mundo é aquele criado por nossos pensamentos, atos e aspirações. Pois vivemos aquilo que pensamos. Pensar é criar. A realidade dessa criação pode não se exteriorizar de imediato no plano físico, mas as criações mentais que vivem no mundo íntimo exigem cuidados especiais para a continuidade ou para a sua extinção. A longevidade criativa do pensamento é mais facilmente observada no espaço produtivo das artes e da cultura. Os escritores, cientistas, palestrantes, músicos, poetas, todos os que se detêm com mais dedicação à persistência pensativa fazem brotar na materialização das ideias suas obras, que consequentemente vão imprimir à sua volta para o bem ou para o mal, segundo a natureza em que se forjou o referido pensamento.
Quando aprendemos no espiritismo sobre a eternidade da vida e as sucessivas reencarnações, podemos entender a imensa responsabilidade sobre os nossos pensamentos, pois que a vida atual é mais um capítulo nesta longa cadeia existencial que se desenrola para todos nós, crentes ou não, nesta imensidade universal, onde colhemos na atualidade os resultados das obras do ontem. Nosso espírito reencarnado percorre as estradas da vida coletiva e também o seu caminho particular, onde povoam e habitam as criações de seus pensamentos, turvos ou iluminados, para a glória ou para vergonha íntima, pois cedo ou tarde os frutos serão colhidos, amargos ou doces, segundo a semeadura.
Aprendendo no amor ensinado pelo Cristo, começamos a educar os nossos pensamentos para nos libertarmos das paixões doentias e da ignorância. Descobrimos que tudo o que favorece para dissipar as trevas da inteligência faz recuar o mal, tornando todos mais livres, mais conscientes de si mesmos, das pessoas à sua volta, de seus deveres e suas potências espirituais. Levando-nos a viver em plena alegria e felicidade, quanto se é possível, tendo em vista a realidade humano planetária.
Jesus, nosso irmão maior, concedeu-nos a sublime orientação: “Vigiai e orai para não cairdes em tentação”.