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Mas qual é a missão?

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O ex-presidente Jair Bolsonaro, nos Estados Unidos desde dezembro do ano passado, onde se acoitou para não passar a faixa presidencial a Lula, anunciou que em algumas semanas – sem detalhar em quantas – estará de volta ao Brasil. Disse que retorna para acabar de cumprir sua missão. Mas também não especificou qual missão começou e que precisa terminar aqui. Se as missões de que fala são suas promessas de campanha, Bolsonaro terá muito trabalho pela frente, pois nenhuma delas, em especial as relacionadas ao combate à corrupção, foi cumprida.

O ex-presidente, na palestra que fez numa igreja na Flórida, ligada ao grupo Assembleia de Deus, sinalizou sua disposição de vir a liderar a direita no país. Para ele, a direita brasileira está sem uma liderança nacional, embora algumas tenham emergido nos estados no processo eleitoral do ano passado. Na fala aos evangélicos, Bolsonaro mostrou que seu caminho para retornar à política no Brasil será o surrado discurso da fraude eleitoral. E, para isso, procura radicalizar, colocando os presos do 8 de janeiro como vítimas, prisioneiros políticos mantidos em campo de concentração. Faltou apenas compará-los aos presos durante a ditadura militar, da qual foi um servidor radical.

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Essa disposição, que ninguém sabe se é real ou se apenas mais uma de suas bravatas, de retornar ao Brasil e retomar a atividade política, coloca sob risco a paz no país. Bolsonaro tem contra si uma série de denúncias de irregularidades praticadas no Governo, além de ter agido contra a democracia, que pode levá-lo à prisão e à perda dos direitos políticos.

E qual será a reação de seus seguidores, hoje, é verdade, em número bem menor do que foi até as eleições, inclusive entre os militares?

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Bolsonaro, parece, joga com a necessária cautela do Governo e do Judiciário no trato da questão para se articular e angariar apoios entre os grupos que foram beneficiados em seu governo e entre os fanatizados e imbecilizados pelo discurso de resistência ao comunismo. E a cautela é mesmo necessária. O país não pode ser arrastado para uma crise cujas dimensões são, no momento, impossíveis de serem calculadas.

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