Engana-se quem acredita que sustentabilidade está ligada apenas a questões de natureza e meio ambiente. Essa temática, amplamente discutida atualmente, deve estar muito bem alicerçada em três pilares: social, ambiental e econômico.
Sustentabilidade, portanto, deixou de ser uma preocupação de governantes e grandes entidades para se tornar uma questão cotidiana da vida de cada um de nós, que precisa e deve fazer a sua parte na construção de um planeta melhor. Por isso, o mundo já está de olho em um dos maiores eventos esportivos do planeta, a Copa do Mundo de Futebol que, em 2022, será realizada no Catar.
Os promotores da Copa do Mundo prometem ações alinhadas aos princípios da sustentabilidade, com a realização de um evento 100% neutro em emissão de carbono, ou seja, todas as ações buscarão zerar a equação que resulta na emissão de gases causadores do efeito estufa.
Mas, será que esta conta fecha? Confira algumas ações que buscam zerar esta importante equação:
Todos os estádios construídos serão eficientes nos quesitos água e energia. Os projetos priorizam a luz natural e o uso de energia renovável para iluminação. Segundo a Oxford Business Group, será utilizada uma usina de energia solar de 800 megawatts (MW) para abastecer todo o evento, que ficará como legado da copa.
O estádio Ras Abu Aboud será o primeiro no mundo totalmente desmontável e seus componentes serão reutilizados para outros projetos esportivos após a copa. A arena Ahmad Bin Ali também foi projetada desta forma e teve 90% dos materiais de construção reaproveitados de outro estádio antigo demolido.
Serão utilizados um único aeroporto e um único local de hospedagem durante todo o torneio para atletas e equipe técnica. Não haverá grandes deslocamentos, já que a maior distância entre as acomodações e os estádios será de apenas 75 quilômetros. Cinco estádios estarão conectados ao metrô da capital Doha, o que permitirá que os torcedores consigam utilizar este meio de transporte para assistir até dois jogos durante a fase de grupos.
Ações serão pautadas em conceitos como a preciclagem (redução da produção de resíduos no momento da compra), descarte adequado do que for gerado durante o evento e economia no consumo de água nas instalações.
Apesar da “proposta sustentável”, a ONG CMW (Carbon Market Watch) – uma associação sem fins lucrativos que busca evidências para melhorar as políticas climáticas – não tem tanta certeza de que essas ações acontecerão da forma como estão sendo divulgadas. Ao examinar os planos do Comitê Organizador Local Catar-2022, a ONG concluiu que as emissões de carbono projetadas “provavelmente foram subnotificadas” e que “podem ser até oito vezes maiores do que o estimado pelo comitê organizador”.
Ver a promessa de o resultado dessa equação tão importante ser alcançado, reduzindo significativamente o impacto ambiental de um evento deste porte, seria uma excelente notícia. A nós, cabe a torcida, não só pelo triunfo da nossa seleção verde e amarela, mas para que a taça erguida após o apito final do último jogo da copa represente a neutralidade de carbono de um dos maiores eventos esportivos do mundo.