Prudência e caldo de galinha é receita antiga, e todos sabem que não faz mal a ninguém. Pois no Brasil de hoje, parece, anda sobrando caldo de galinha nos tantos almoços e nos jantares de reconciliação e faltando a prudência no exercício da política. Não pode ser apenas amadorismo dos que estão aí exercendo mandato ou ocupando cargos para os quais são chamados por supostas virtudes que não conseguem demonstrar.
Se fosse apenas amadorismo seria mais fácil. Bastaria convocar profissionais, mas de boa qualidade, a começar pela honestidade para melhorar a situação. Política, advertia Tancredo Neves, é coisa para profissionais, e nunca se viu tanto amadorismo, e despreparo, para exercê-la como hoje em dia. Ou mudamos já, ou vamos jogar nosso futuro numa mesa de jogatina, como, aliás, alguns estão defendendo para a reabertura dos cassinos no país. Gente graúda, com influência acima da política com o presidente.
Mas, pior do que a mesa de jogatina, o que está ditando o nosso futuro é a radicalização. Conseguimos vencer os petistas radicais e estamos, agora, com a radicalização política disfarçada na radicalização religiosa, oportunista, pois mexe com sentimentos fanáticos. Essa história de opor evangélicos aos demais cidadãos pode ter consequências políticas sérias. Prometer espaços políticos importantes, como ministro de Tribunais Superiores a quem pertence a um determinado grupo religioso, cria divisões perigosas para o país e o risco de decisões judiciais que deveriam ser restritas ao que diz a lei – diz não apenas literalmente – ficarem submetidas a convicções religiosas radicais.
Indicar para cargos de confiança que ultrapassam os limites de um mandato pessoas que “tomem cerveja” com o mandatário coloca em risco a credibilidade de instituições fundamentais para o país. Quem confia numa decisão de alguém escolhido mais pela amizade do que pela competência? Qual é o grau de comprometimento e gratidão de alguém escolhido assim?
Tal situação assim é tão preocupante quanto a de ouvir de um ministro da Saúde que, ao assumir o cargo, não sabia o que é o SUS. Pior, depois de meses no cargo, espalhar sinais de que ainda não sabe o que representa para um país de população pobre, quase miserável, o maior sistema de saúde universal do mundo. Não imaginem os senhores radicais, que se faz aqui um comentário com intuito destrutivo, de oposicionista. Não, bem ao contrário. São apenas advertências de quem, como brasileiro, deseja ver o país retomar o crescimento e tornar efetivo o que, até aqui, é, desde sempre, um potencial apenas. Somos, desde sempre, um país do futuro, atrapalhado pelo exercício de uma política do passado. É hora, aliás, já passou da hora, de termos políticos comprometidos com projetos nacionais, não apenas pessoais.
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