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Juiz-forano vota em juiz-forano?

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O day after do primeiro turno das eleições de 2022 tem sabor agridoce para juiz-foranos e juiz-foranas.

Pela primeira vez, elegemos duas mulheres para a Câmara de Deputados, o que pode ser saudado e reputado como um movimento que veio para ficar, após a eleição da prefeita Margarida Salomão, em 2020.

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Mas há muito tempo não tínhamos apenas duas representantes da cidade no Congresso Nacional, o que é pouco para a quarta cidade mais populosa do Estado, que tem 53 cadeiras na Câmara Federal.

Na última legislatura, nós, os juiz-foranos, éramos quatro: Júlio Delgado, Margarida Salomão, Charlles Evangelista e Lafayette Andrada. Lafayette foi reeleito, mas mudou o domicílio eleitoral. O que esse quadro nos mostra?

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Na eleição de 2018, os cinco candidatos mais bem votados na cidade eram de Juiz de Fora e tiveram votações que totalizam 47,98% dos votos válidos.

Em 2022, dos cinco mais votados, um é de fora, o fenômeno de votação Nikolas Ferreira, que pegou 29.404 votos da cidade. Os quatro restantes, Ione e Ana Pimentel, as deputadas eleitas, alcançaram apenas 37,99% dos votos válidos. Neste breve texto ensaio duas explicações.

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A uma, o fenômeno das redes sociais, que criam câmaras de eco, mostrou seu poder na cidade. Se muitas pessoas passam cada vez mais tempo no mundo de cristal de celulares e computadores, acabam por ter pouco contato com a vida juiz-forana, daí que fiquem propensas a votar em quem aparece mais em seus feeds e seus stories.

Como estamos consumindo o que algoritmos querem que consumamos, dificilmente quem está deslocado fisicamente da vida da cidade, em seu mundo digital, será “atingido” pelos candidatos locais. A vida fora dos espaços públicos cobra seu preço.

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Numa conta imprecisa, vejo que, entre os 20 mais votados da cidade, a participação dos forasteiros cresceu em mais de dez mil votos válidos de 2018 para agora.

A duas, mesmo sempre tendo existido polarização política, ela está mais intensa, e como muitos candidatos locais, por suas filiações partidárias ou opções, fugiram do extremismo, tiveram menos votos.

Entre os cinco mais votados deste ano, dois são filiados ao PT; e dois, apoiadores do atual presidente, ficando Ione, a campeã de votos, numa posição ambivalente, pois é de um partido que apoiou Lula, mas traz nas suas pautas temas próximos ao bolsonarismo. Em 2018, entre os cinco mais votados, a divisão PT vs. Bolsonaro foi mais clara apenas entre os eleitores dos dois mais votados.

Embora deixe claro que sou contra a ideia de um deputado federal funcionar apenas como “vereador federal”, trazendo verbas e articulando apenas interesses locais, a consequência de elegermos menos gente nossa para Brasília é que a cidade terá menos recursos em emendas parlamentares e menor poder político na hora de buscar investimentos públicos e privados.

Passou da hora de termos um movimento da sociedade civil, começando de agora, para que, em 2026, mudemos o jogo, e juiz-foranos e juiz-foranas votem mais em gente da cidade e da região.

Ou vamos continuar só reclamando?

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