Aos 131 anos, a Sociedade de Medicina e Cirurgia de Juiz de Fora, a segunda mais antiga do país, deu posse, esta semana, à sua nova diretoria, que, asseguro, reúne colegas da maior seriedade, de reconhecido prestígio por sua competência técnica e excelente conduta ético-profissional.
Os novos administradores assumem nossa Associação Médica num momento crítico da economia do país, em grande parte decorrente da devastadora pandemia de Covid-19. Simultaneamente, o segmento da saúde suplementar apresenta-se extremamente impactado por uma avalanche de capital nacional e transnacional das grandes operadoras de caráter eminentemente mercantil. Juntas, as dez maiores, segundo dados da ANS de janeiro deste ano, atendem a 15,92 milhões de pessoas e cobrem 33,8% dos 47 milhões de brasileiros portadores de planos de saúde.
Assistimos, depois de 50 anos de história, ao mesmo cenário dos anos 1970, quando as cooperativas foram criadas exatamente para se contraporem à exploração do trabalho médico através das chamadas medicina de grupo, cujas premissas de intermediação de prestação de serviços profissionais feriam de morte a boa relação médico/paciente, propunham remuneração baixíssima e péssimas condições de trabalho. Médicos e pacientes, como sempre, sofrendo as consequências…
Por oportuno, ao mesmo tempo em que parabenizo a nova diretoria eleita, venho conclamá-la, desde já, para que, juntos, nos alinhemos diante dessa desafiadora realidade. O momento exige ações sinérgicas e grande mobilização dos médicos em defesa do seu exercício profissional digno e da assistência médica de qualidade, nosso compromisso maior.
Por mais sustentáveis que estejam, o excesso de capital da concorrência poderá trazer impactos muito significativos no mercado da saúde suplementar, de consequências imprevisíveis, notadamente sobre as cooperativas médicas, que, por natureza jurídica distributiva, não acumulativa, travarão difícil e desigual enfrentamento, para não dizer o pior. Por isso, precisamos agir juntos com celeridade.
Entendemos que a Sociedade de Medicina e Cirurgia de Juiz de Fora, enquanto instituição laica, de todos os médicos, pode abrigar, unir e liderar todos os players da saúde suplementar da cidade: os prestadores assistenciais (hospitais, laboratórios, clínicas e serviços de imagens), as representações locais de nossas entidades médicas (CRM e Sindicato) e a nossa cooperativa de trabalho. Assim, unidos, poderemos traçar estratégias que possam mitigar os efeitos deletérios desse mercantilismo exacerbado, anunciado com alarde no país, e que certamente serão danosos ao trabalho do médico, a toda rede prestadora de serviços e, consequentemente, à excepcional qualidade da assistência à saúde, de nossos dias, em Juiz de Fora e região.
Somoscoop e, juntos, podemos muito mais.