Vamos nos aproximando do fim da Quaresma. Longa caminhada no deserto. Como Jesus, experimentamos o crescimento e as tentações. Tivemos a oportunidade de ver a realidade em que vivem nossos irmãos, vítimas, como a vida para eles se torna mais difícil. Aprendemos que o modo como nossa sociedade os trata não é o modo que Jesus ensina. Portanto, a nós, cristãos, compete buscar o jeito de Jesus agir. É preciso que a celebração da Páscoa nos encontre transformados.
Qualquer mudança importante passa pela mudança individual de comportamento. Que o nosso agir pessoal com relação às vítimas de violência se paute pelo ensinamento de buscar sempre a sua inclusão, um trazer para o meio. Que a gente não permita que no raio de nossa visão alguém possa ser discriminado nem excluído.
Mas é importante que a gente saiba que ações isoladas sempre possuem efeitos limitados. Se nós mobilizarmos nossos vizinhos, comunidade eclesial, amigos e parentes, a ação seguramente vai ser mais eficaz. Por outro lado, é preciso que tenhamos em conta que a luta contra a violência já é uma realidade, e, em algumas cidades, já há grandes avanços.
Nessas circunstâncias, é importante procurar as associações que lutam, nesse sentido, para levar nossa solidariedade e oferecer nossos préstimos. Nunca pensar em agir por eles, mas em agir com eles. Na preparação da Páscoa judaica, a primeira tentação de Moisés foi tentar agir isolado. Na defesa de um hebreu, chegou a matar um egípcio. Não adiantou nada, e seu povo até se voltou contra ele (Ex 2, 11-14). Após fugir, experimentar o deserto e experimentar a presença de Deus, sua prática foi diferente: primeiro, organizou seus irmãos. Dessa forma, sua prática funcionou, seu povo se libertou.
Essa é a pedagogia divina. Deus nos quer agentes de nossa libertação. E não quer que ninguém se liberte sozinho.
Quanto mais ajudarmos na libertação dos irmãos, com os irmãos, mais realidade será para todos o Mistério Pascal.
Que nós todos juntos possamos ajudar a vida a prevalecer.
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