Um salto no escuro, onde vamos nos aterrizar? A grande dificuldade é não retornarmos ao mesmo lugar, o salto envolve a passagem e o tempo… Aqui a pressa é tempo a se perder, o mais rápido por vezes apresenta dificuldades na descida, perde-se em estabilidade.
O espaço germinado é alheio à gravidade, no vácuo do consciente anula-se a física e procura-se a química, naufraga o equilíbrio em um gélido vazio, rios de suspiro. Há de despertar, âncora no ar, um elemento sem seu ponto fixo encontra um mar de infinitas possibilidades ao seu redor e aproveita de seu ímpeto para dissipar, a parada brusca eleva a força e o peso, partículas condensadas em massa, no Big Bang da dor forma-se a nova Era Glacial.
Perdido no espaço e no tempo, aclimatizado à sua realidade, a mudança do habitat comum desconfia o decodificador, tua dor seu tilt. O surreal impregna, embaça a vista, perde-se o norte, recria seu primitivo uma volta à origem ao centro do mundo, encontra no caminho a víscera que o acolhia, a paz dos que te geraram fonte de estamina. Inicia a ecdise, aquilo que era já não é mais, forma-se um algo mais robusto, encorpado, Darwin diria adaptado.
Trem de pouso acionado, a torre faz contato. Mastiga, o paladar se modifica, cozinha na saliva ácida o desgosto, fora grosso agora caldo, arde o lábio, enxuga o riso. De sua fronte vem o choro, a lágrima que ali escorre, foge dos trilhos, procura caminhos novos, sabedora que a resistência será maior. E por que não?
Levanta, olha para o lado, cuidado! Pisa com força, bate a sola, treme a carne, quem dera fosse ferro. Teu amor te enche de coragem.
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