De repente nos surpreendemos com os “invisíveis” do Ministro Paulo Guedes e a rapidez com que o governo socorreu esses “invisíveis”.
De repente nos surpreendemos com a demora em disponibilizar linhas de crédito para as pequenas e médias empresas; estou falando de linhas de crédito que seriam concedidas pelos bancos públicos e privados, não são benefícios, pois os tomadores terão que pagar pelos valores emprestados.
Mas, sinceramente, tudo isso tem um preço e ele vai chegar rápido para toda a sociedade!
Uma potencial relação dívida pública versus PIB que poderá alcançar 100% do PIB muito rapidamente, segundo alguns estudos esse será o grande desafio para o financiamento da dívida pública; quando estávamos com 75%, antes da pandemia, o mercado (esse ingrato de sempre) já torcia o nariz; e agora com 100%? Vai torcer o pescoço! Os sinais começam a aparecer a todo instante. A receita clássica para solução também já está aparecendo: criar impostos ou aumentar impostos existentes. Entretanto, a saída que deveria ser adotada de imediato seria uma grande união das forças políticas vivas e sérias do nosso país para a aprovação rápida das reformas administrativas e tributária; essa é a solução de longo prazo e estruturante!
Enfim, não há almoço grátis!
Os benefícios concedidos aos “invisíveis”, algo justo e necessário, pode ter gerado na economia uma espécie de “bolha Covid”.
Ao colocar valores que alcançam a casa dos R$ 300 bilhões nas mãos das pessoas e permitiram que estas pessoas mantivessem minimamente seu padrão de consumo, por exemplo: alimentos em geral, farmácias, supermercados, empresas de delivery, etc.; essa “bolha” não pode ser encarada como sustentável, afinal é uma bolha, e isso requer das empresas muita atenção e planejamento para o fim desse ciclo de benefícios concedidos pelo governo.
Diante deste cenário é muito importante que as empresas que estão navegando nesta “bolha” tenham muita prudência com o crescimento em suas vendas, pois essa onda será afetada em dois momentos: a) quando houver a redução do auxílio emergencial de R$600 para algo ao redor de R$300, e; b) quando houver a descontinuidade do benefício ou este for substituído por outro de valor e alcance menores, mesmo a falada Renda Brasil, pois o contingente a ser impactado por esta Renda Brasil será bem menor que o do auxílio emergencial, cerca de 1/3 das pessoas que recebem hoje o auxílio emergencial, além do valor ser muito menor.
Assim, as recomendações para as empresas seriam:
a) Reforçar a adoção de políticas de revisão de processos;
b) Implantar melhorias para aumento de produtividade; e uma novidade:
c) Aproveitar a excelente experiência do home office para avaliar seriamente a otimização de suas estruturas de back office, além de produção e vendas.
Neste contexto, algumas perguntas surgem:
a) A empresa precisa de todo esse contingente de pessoas que tinha antes nas atividades de escritório e suporte?
b) Os escritórios precisam ser do tamanho e localização de antes?
Outro ponto fundamental: o processo de digitalização das atividades.
Houve uma forte antecipação da digitalização de atividades operacionais, de cinco a dez anos segundo estudos publicados recentemente, houve rompimento de preconceitos na execução de muitas atividades que antes havia alguma resistência ou bloqueio cultural, além de fatores do comportamento corporativo que dificultavam ações mais objetivas nesta área, a famosa resistência interna.
Nas atividades de vendas nós podemos dizer que houve uma disrupção, pois nada será como antes, e quem não entender isso poderá perder o bonde da digitalização na integração de cadeias; é só observar a evolução de preço das ações de empresas como Magazine Luiza (Magalu), Via Varejo e outras.
A época do vendedor “tirando” pedidos será em pouco tempo “peça de museu” em alguns setores; as empresas precisariam adotar medidas rápidas, principalmente as empresas menos afetadas pela pandemia, para essa nova realidade ou terão que assistir ao bonde passando. É verdade que será necessário um período de transição da dinâmica atual do processo de vendas para essa nova realidade, mas essa está na porta, pois muitos clientes vão preferir “entrar” com seus pedidos nos sistemas de seus fornecedores e não dedicarão tanto tempo quanto antes para recepcionar as equipes de vendas destes fornecedores. Muitas empresas aprenderam a comprar sem ter que perder tempo com um vendedor, e elas vão continuar com esta prática.
A digitalização é uma realidade e as operações à distância são bem efetivas, o conhecido home office. Entretanto, o contato humano continua fundamental, porém será um novo desafio para as organizações, em função da nova realidade que se impõe; este será em nova dinâmica e novos modelos de relações.
Portanto, o ser humano também passará por adaptações para esta nova realidade.
Novos tempos!