Sempre acompanhei as inteligentes criações de autoria do saudoso e profundamente culto, homem de televisão, Antonio Abujamra, em seu sugestivo programa intitulado “Provocações”. Deixando cada entrevistado à vontade, também se caracterizava por perguntas que justificavam o título dado ao programa: provocações… A todo programa, Abujamra repetia a pergunta “O que é a vida?”, a todo entrevistado, e, depois da resposta, terminava o programa, repetindo a mesma pergunta.
Pois bem, quem sou eu, discípulo da ignorância de Sócrates, que disse “só sei que nada sei”, em resposta aos que inquiriam sobre sua sapiência E eu, muito mais ignorante do que Sócrates, jamais seria capaz de responder a Abujamra, a pergunta que, mesmo ele jamais respondeu, pois morreu antes de descobri-lo. Por isso mesmo, sem que Abujamra me questione, diria a ele, e a todos que me dão a honra de ler este artigo, que, para mim, pelas conclusões que 82 anos de vida me permitiram concluir, que, de fato, existem duas vidas.
A primeira, importante, mas imaginária, produto da paranoia existencial, que caracterizam a consciência e a razão, instinto à parte, a chamada “Vida que vivemos”, de fato, nada mais do que o produto de nosso orgulho, inveja, luxúria, gula, ira, avareza e a fatídica preguiça, jamais de pensar – o que fazemos sem parar, mas de fazer, de ter atitudes, usando o pensamento e a inteligência somente para nossas ações! O que quero dizer? Simplesmente que não somos o que pensamos, mas que pensamos o que somos, o que fazemos, enfim, o que realizamos com nossas atitudes e com a coragem que assumimos.
Mas seria apenas dependente de nós mesmos, de nossa vontade e de nossa coragem a vida que vivemos? Claro que não. Pois, além da vida que vivemos, existe outra, muito mais importante, a vida que vive a gente! Essa, mais que a primeira, exige mais do que inteligência, vontade e coragem, exige algo que se chama fé, mas uma fé que exige muito mais do que religiões e fundamentalismos teológicos, e mesmo ideológicos, naquilo que Voltaire brilhantemente disse: “Não acredito em nenhum Deus criado pelos homens, mas acredito naquele Deus que criou todos os homens”.
Essas conclusões me satisfazem, como ser que pensa e, mais que tudo, como ser que crê. Caro Antonio Abujamra – onde estiver – que lhe sejam úteis minhas respostas, Deus estará sempre presente no tempo e no espaço para todos nós.