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Prefeituras reclamam de baixas arrecadações

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O recenseamento brasileiro de 2022 ainda não acabou. Suas preliminares indicam baixas do número de brasileiros. Prefeitos indicam baixa de confiança de recenseadores que estimam, até o presente, a diminuição da população de 863 municípios. Se isso é bom por um lado, é ruim por outro. Com a diminuição de recursos pela diminuição da população, isso, pelas leis atuais, diminuirá também o que os municípios recebem pelo Fundo de Distribuição de Benefícios aos Municípios (FPM), arrecadados pela legislação atual. Esse fundo é abastecido com 23,5% da arrecadação do Imposto de Renda e o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). O dinheiro ajuda os municípios no financiamento de algumas políticas. Um dos critérios que determinam quanto as prefeituras recebem é justamente o número de habitantes.

Em recente entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o ex-presidente do IBGE, Roberto Olinto, declarou que “apenas preliminares já foram divulgadas e são uma tragédia absoluta”. Ele culpa recenseadores mal treinados e outras coisas, como os cortes orçamentários atribuídos ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que cortou verbas destinadas à obtenção de informações. Também defende uma ampla auditoria dos dados para verificar se elas são válidas, se é preciso realizar um trabalho adicional ou, extremamente possível, elaborar um novo Censo. O problema principal é, entretanto, a diminuição de habitantes que não é só do Brasil, mas um problema mundial.

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Já fui funcionário do IBGE e realizei, inclusive, trabalhos como recenseador em 1960 e sei como funciona o processo. Em primeiro lugar, é preciso constar do orçamento federal verba suficiente para treinar os recenseadores que farão o trabalho de campo. Quando substituiu Roberto Olinto na presidência do IBGE, a nova presidente, Susana Cordeiro Guerra, reduziu o orçamento previsto de R$ 3,4 bilhões para R$ 2,3 bilhões, talvez, atendendo o que pedia o presidente da república. Depois reduziu o questionário que obteria muito mais informações. Se isso é bom em matéria financeira, é ruim para quem quer a obtenção de dados.

Os prefeitos de 863 cidades que tomaram agora conhecimento prévio do que indicou a nova obtenção de dados que implicaria perder dinheiro do FPM, já deram o início de uma batalha judicial para tentar uma revisão dos dados apresentados. Esses recursos são formados por 23,5% da arrecadação do Imposto de Renda e o Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI). O novo Censo de 2022, que ainda não terminou, já cobriu 83,9% dos setores e estimou 16,1% dos restantes. Desse modo, chegou à conclusão que existiriam 207,7 milhões de pessoas, abaixo de 215 milhões esperadas inicialmente pelo próprio órgão.

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Na realidade, hoje os brasileiros não contam mais com famílias com inúmeros filhos. Quando ainda menino e na própria família, tive, na família de avós maternos, que tiveram 14 filhos. Nos dias de hoje, é quase impossível acontecer como as médias familiares dos anos 30, 40 e 50. Não é só o Brasil que terá uma diminuição de sua população. A China, que é o maior país mundial em população, também tinha uma lei que não aprovava famílias com muitos filhos. Hoje, com falta de mão de obra na agricultura, na indústria, no comércio e nos serviços já incentiva o contrário.
Uma população volumosa é problema para os prefeitos. No sentido contrário, enquanto economiza dinheiro com saúde, educação e serviços, no lado oposto, sofre com ausência de mão de obra. Essa é a regra.

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