A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por meio de sua Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação, juntamente com a SIGNIS Brasil e a Rede Católica de Rádio (RCR), associações de caráter nacional que reúnem TVs e rádios de inspiração católica do Brasil, divulgaram no início do mês de junho uma nota de esclarecimento, onde “informam que não organizaram e não tiveram qualquer envolvimento com a reunião entre o presidente da República, Jair Bolsonaro, representantes de algumas emissoras de TV de inspiração católica e alguns parlamentares”, como informou o jornal O Estado de São Paulo.” As organizações informaram também que “nem ao menos foram informadas sobre tal encontro”.
O documento esclarece ainda que “as emissoras intituladas ‘de inspiração católica’ possuem naturezas diferentes. Algumas são geridas por associações e organizações religiosas, outra, por grupo empresarial particular, enquanto outras estão juridicamente vinculadas a dioceses no Brasil. Elas seguem seus próprios estatutos e princípios editoriais. Contudo nenhuma delas e nenhum de seus membros representa a Igreja Católica, nem fala em seu nome nem da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que tem feito todo o esforço para que todas as emissoras assumam claramente as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil”.
Diz a nota: “Recebemos com estranheza e indignação a notícia sobre a oferta de apoio ao Governo por parte de emissoras de TV em troca de verbas e solução de problemas afeitos à comunicação. A Igreja Católica não faz barganhas. Ela estabelece relações institucionais com agentes públicos e poderes constituídos, pautada por valores do Evangelho e valores democráticos, republicanos, éticos e morais”.
“Não aprovamos iniciativas como essa, que dificultam a unidade necessária à Igreja, no cumprimento de sua missão evangelizadora, ‘que é tornar o Reino de Deus presente no mundo’ (Papa Francisco, EG, 176), considerando todas as dimensões da vida humana e da Casa Comum. É urgente, sim, nestes tempos difíceis em que vivemos, agravados seriamente pela pandemia do novo coronavírus, que já retirou a vida de dezenas de milhares de pessoas e ainda tirará muito mais, que trabalhemos verdadeiramente em comunhão, sempre abertos ao diálogo.”
Na referida reunião, que foi transmitida por redes sociais do Planalto e pela TV Brasil, padres e leigos conservadores prometeram “mídia positiva” para ações do Governo na pandemia do novo coronavírus. Pediram em contrapartida, porém, anúncios estatais e outorgas para expandir sua rede de comunicação.
A nota deixa claro que: “A Igreja Católica não faz barganhas”.