Enquanto estamos em “plena vida”, pouco pensamos em algo tão “triste”, ou mesmo “desagradável”, como o morrer e a morte. O morrer é um processo… A morte, um momento! Esse assunto, apesar de pouco discutido, se encontra presente a todo instante no nosso mundo circundante e mesmo quando ultrapassamos nossos limites de espaço. Falar sobre a morte ainda é um tabu na sociedade contemporânea na qual vivemos… Onde há vida, sempre haverá a presença da morte, afinal, tudo não passa de um ciclo, um processo contínuo, ainda incapaz de ser desfeito a despeito dos grandes avanços tecnológicos no campo da saúde.
Antigamente, a morte era mais bem aceita e vivenciada. E por que não vivenciar esse momento que faz parte do processo de viver? As pessoas morriam em casa, ao lado de seus entes queridos e nos locais onde viveram toda a sua existência, com seus pertences. Era algo único e pessoal. Hoje, as pessoas morrem em leitos de hospitais (enfermarias ou unidades de terapia intensiva), distantes de todos os que amam, afastadas do seu aconchego da vida toda e despersonificadas… O avançar no uso da tecnologia, visando a aprimorar os tratamentos médicos, trouxe consigo vantagens e, claro, significativas desvantagens. Perdeu-se o controle entre o estar vivo e o viver…
Sinais vitais como batimentos cardíacos, pressão arterial, temperatura, oxigenação sanguínea e resultados de exames de sangue tornaram-se “indivíduos”, a despeito de estarem presentes ali um ser humano e toda a sua biografia, desejos e possível autonomia. Até quando estar vivo é viver? Os profissionais da área de saúde não estão preparados, tecnicamente falando, para abordar pacientes e familiares em situação de final de vida devido à formação de graduação deficitária no que diz respeito às discussões sobre a morte e o morrer. O cuidado paliativo, modalidade de cuidado que aborda pacientes com doenças crônicas, avançadas e muitas vezes em franco processo de progressão, visando à busca pela qualidade de vida ao paciente e aos seus familiares, ainda não é uma realidade no Brasil, mas as discussões a respeito estão a todo vapor!
Você já se perguntou onde quer morrer (em casa ou no hospital)? Já se perguntou quais pessoas gostaria que participassem desse momento final contigo? Já pensou sobre o seu fim de vida? Já pensou que as condutas tomadas podem não ser os seus reais desejos? Vida e morte se misturam, e não há como dissociá-los! Dignidade no viver, no morrer e na morte sempre! Direitos indiscutíveis de todo ser humano!