Ainda estamos vivendo um ambiente politicamente confuso que, como diriam os velhos políticos mineiros, vaca estranha bezerro. Não dá ainda para apostar em nada que diga respeito a composição do futuro Governo. Se quer apostar, aposte à vontade em qualquer um, pois todos têm as mesmas chances de serem ou não convidados por Lula para tocar um projeto que também não existe ainda. Temos hoje, podem ter certeza, um Governo eleito fruto muito mais de um não Governo que disputava a reeleição do que da confiança popular numa proposta.
Até aqui o que se sabe do futuro Governo Lula é que ele vai brigar muito para ter recursos para pagar um auxílio de miséria a uma parcela miserável da população. Não existe nada que se pareça minimamente com um projeto de Governo capaz de tirar da miséria esta grande parcela da população. Nada que nos faça ver ao final do túnel uma luz que modifique a vida destas pessoas, dando-lhes dignidade.
Nos últimos dias surgiram vozes petistas defendendo a correção do salário mínimo acima da inflação do período anterior, como forma de restabelecer o poder de compra da população. Enchem o peito para defender uma correção de 1,5% acima da inflação já no ano que vem. Seria ingenuidade, se não fosse revoltante, dar espaço para declarações assim.
Pelos estudos de órgãos estatísticos com seriedade e competência, o valor do mínimo para atender as necessidades básicas das famílias teria que ser cinco vezes e meia do valor atual. Falar em correção anual pouco acima da inflação é enganar os crédulos, é querer manter a dependência da população à esmola dos programas sociais. Tudo bem que neste momento o auxílio é necessário, imprescindível mesmo – mas é preciso que o Governo pense em projetos capazes de tirar o povo da miséria, com a retomada do desenvolvimento econômico e recuperação de renda.
Não podemos imaginar o país nas eleições de 2026 discutindo valor de auxílio emergencial. É preciso progredir e para isto é preciso de paz. É preciso deixar a porta dos quartéis, pois a solução de nossos problemas, com certeza, não está dentro deles. O ainda vice-presidente da República e senador eleito pelo Rio Grande do Sul, General Mourão, desestimulou a continuidade dos protestos dos rebeldes sem causa contra as eleições, afirmando, num momento de sensatez, que Lula venceu e agora é hora dele governar.