Motivado pela proximidade da Semana da Pessoa Idosa em Juiz de Fora (7 a 11 de maio), proponho aqui algumas reflexões.
Vivemos em uma cidade, um estado e um país que não valorizam o idoso. Existe preconceito em relação ao envelhecimento. Qualificar alguém como velho na nossa sociedade é depreciativo, ou seja, envelhecer é sinônimo de desvalorizar… Bom é aquilo que é novo! A experiência, a maturidade nas relações com o próximo, o respeito às tradições, a conversa frente a frente (não virtual) são considerados fora de moda.
Confirma essa situação a supervalorização que se dá aos projetos relacionados à infância (que devem continuar assim!) em detrimento aos projetos da terceira idade. Os extremos de idade geram fragilidades e peculiaridades e, portanto, têm que ser atendidos de forma diferenciada. A criança, independentemente do sintoma, em um primeiro momento, é avaliada pelo especialista em criança (pediatra). Ele não é um especialista em “partes” (coração, estômago, pulmão ou pele). Já o idoso passa na grande maioria das vezes pelos especialistas em “partes” para depois ir ao geriatra.
Qual o problema? Um risco aumentado de polimedicação (número elevado de medicações) e iatrogenia (prejuízo ao organismo do paciente provocado pela prescrição do médico), já que dificilmente o paciente idoso sairá de uma consulta sem uma prescrição. Resta ao especialista em idoso (geriatra), neste caso, avaliar as medicações prescritas e a necessidade real do uso destas.
Não com o intuito de fiscalizar ou questionar a conduta do colega, mas, sim, de ser o gestor dos cuidados prestados ao idoso; já que ele peregrina por vários especialistas e que normalmente não se comunicam. Nós temos em Juiz de Fora cerca de 80 mil idosos e temos, disponíveis no SUS, dois geriatras para atender esta população… Temos aí uma difícil equação de ser resolvida.
O que nos traz esperança hoje, principalmente em nossa cidade, é que temos nas faculdades da área de saúde uma abordagem cada vez mais precoce de um atendimento específico e diferenciado ao idoso que não ocorria há dez anos. Com isso, esperamos a formação de profissionais com um olhar diferenciado em relação ao atendimento à pessoa idosa.
Com o mesmo otimismo, destacamos as ações de comissões em defesa da população idosa, como a da Câmara dos Vereadores (Comissão Permanente em Defesa da Pessoa Idosa), que apontam para feridas e propõem ações, e o Conselho Municipal do Idoso, presente em todas as situações que envolvem a população envelhecida.Espero que possamos discutir estas e outras questões relacionadas com envelhecimento na Semana da Pessoa Idosa, que ocorrerá de 7 a 11 de maio. Obrigado e até lá!
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